O mais importante torneio mundial de futebol começou a ser disputado em 1930. O Uruguai sediou a primeira Copa do Mundo. E deu tudo certo. A “Celeste Olímpica” foi vencedora do certame planetário. A disputa – a cada quatro anos – continuou seu percurso normal até 1938. A carnificina do nazista Adolf Hitler (1939 a 1945) provocou a interrupção da competição esportiva até 1950. No reinício de um novo tempo, os jogos foram realizados no Brasil.
A terra dos papagaios, então, presenciou a maior frustação da história da Seleção Canarinho: a derrota na finalíssima para a esquadra uruguaia por 2×1, em pleno Maracanã. Na oportunidade, 199.854 torcedores testemunharam a catástrofe ou ”maracanazo”, como ironizou a mídia sul-americana, na ocasião. Foi o maior público das Copas do Mundo. Um recorde até hoje imbatível (eu disse imbatível, nada a ver com algo semelhante).
A Suíça recebeu o Mundial seguinte, em 1954. A nação da Europa Central foi palco da mais estranha Copa, em todos os tempos. A Hungria despontou como franca favorita. O país da “Cortina de Ferro” montou uma equipe fenomenal. O grande astro da constelação era Ferenk Puskas- um dos maiores craques da história. A “máquina comunista” atropelava os oponentes com imensa facilidade.
O Brasil deu de cara com esse fantasma no meio de sua trajetória, nas quartas de final. A pátria de chuteiras- que ainda nem tinha esse apelido-foi massacrada por 4×2. O time de Budapeste manteve o seu passeio com desenvoltura pelos gramados suíços. Na primeira fase, aplicou uma acachapante goleada na Alemanha Ocidental. Os germânicos foram impiedosamente surrados por 8×3. E o script seguiu o roteiro natural até na partida decisiva. E aí um detalhe fez a diferença e mudou tudo.
O embate derradeiro foi Hungria x Alemanha, a mais notável vítima da fase de grupos. O campeão até já parecia previamente definido. Eram favas contadas. Não havia a mínima margem para o desfile de uma zebra nos Alpes. Mas, não. O peru nunca morre de véspera no esporte bretão. E, até mesmo por isso, o futebol é misteriosamente encantador. A decisão começou e a Hungria iniciou o previsível processo de demolição do adversário.
Com apenas oito minutos de jogo o placar já mostrava 2×0 para os húngaros, gols de Puskas e Czibor. Mas, de repente, o imponderável entrou em campo. Um violento temporal desabou sobre o estádio Wankdorf. O gramado se transformou num pasto. Consequência: o primeiro tempo terminou 2 x 2. A impensável virada alemã aconteceu aos 39 minutos da segunda etapa. No final das contas, de uma forma inimaginável, a Alemanha conquistou a sua primeira e mais meritória Copa do Mundo. E a Hungria nunca mais foi a mesma. Desapareceu do cenário futebolístico.
Esse fenômeno de rápido brilho de cometa repetiu 20 anos mais tarde. Na década de 1970, a Holanda revolucionou o futebol. Foi quando resplandeceu intensamente a incrível “Laranja Mecânica”. Johan Cruyff e cia jogaram demais e ganharam de menos. Nunca conquistaram nada. Produziram um espetáculo em vão.
PS: De 1930, até hoje, o Brasil foi o único país que participou de todas as edições das Copas do Mundo. A seleção verde/ amarelo fez muitas festas, mas também foi protagonista de constrangedores vexames- o que não é o caso do Qatar.
Enfim: Sou Marrocos desde os tempos de menino pequeno, lá em Ouro Preto. Mas admito a minha profunda admiração pela Argentina, sobretudo pela argentina.