Boa semana para os meus amigos que me deram o grande prazer de curtir e comentar minha “carta aberta ao prefeito de Itabira, Marco Antônio Lage”. Alegria como colunista “lido e falado”. A coluna está, até hoje, na data desta nova postagem, em processo de discussão. O que todo escritor, jornalista, colunista quer para garantir o seu pão de cada dia é simplesmente ser lido, ouvido e comentado. Eu, Alírio de Oliveira, itabirano, casado, três filhos, uma neta, estou felicíssimo por isso.
E devo acrescentar que conheço a maioria dos comentaristas. São mestres, doutores, gente gabaritada. Portanto, estou, como dizia o saudoso prefeito Luiz Menezes, se me permitem citá-lo, “batendo palmas de contentamento”. Vivi um de meus dias de sucesso, até que, finalmente, recebo um telefonema desolador e, por sinal, de uma alta personalidade itabirana: “Por consideração”, disse ele, “não vou escrever, mas me entristece comunicar ao meu amigo que desaprovo, literalmente, a filosofia pessimista usada por você”. Bastaram as simples e claras palavras acima para, ao dar-lhe uma resposta que foi um tiro na testa: “Meu amigo, eu lhe sou grato, mas, recebi centenas de mensagens, estava contente. Você ferrou meu dia!”.
Tudo foi só piorando porque a nossa conversa rendeu. Como de repente, de novo, caí na pura tristeza, o mundo desabou sobre mim por um motivo que parecia normal mas que mataria qualquer cidadão. Fulano de tal, meu amigo, chamou-me de “portador de transtorno bipolar”. Foi o fim e por pouco a nossa amizade não era encerrada para sempre. A seguir, ele, simplesmente, fechou o meu tempo, dizendo que devia escolher se sou um transtornado bipolarmente ou dono de dupla personalidade. Nossos telefones foram desligados.
Apenas resolvi assumir a minha real personalidade sem titubear e estou, realmente, chateado. Abatido, abalado e vencido por pensamentos de horror. Imaginam que tenho ou não razão ao tomar conhecimento de que o então presidente da Vale S.A., Fabio Schvartsmaem, em março de 2018, oficialmente, declarou de alto e bom tom que a empresa por ele dirigida deixará definitivamente o Sistema Sul (no contexto, Itabira) “dentro de dez anos”.
Um susto jamais ocorrido em toda a trajetória da mineradora em Itabira, superou todos os maus augúrios que o itabirano enfrentou durante décadas seguidas. Publicava a mídia nacional que Itabira acabara de receber o mais arrepiante “aviso prévio” de sua existência. A sociedade ficou inacreditavelmente assustada, embora um ou outro chegasse a lançar desprezo sobre o anúncio que Schvartsmaem tornara do conhecimento mundial. Os mais sérios começavam a fazer contas, a calcular prejuízos, a imaginar uma Itabira miserável, não mais com 15 mil pessoas em estado de pobreza, mas 120 mil, não comendo nem o pão do diabo.
A promessa mais contundente do candidato a prefeito em 2020 era resolver esse terrível problema de não permitir o empobrecimento de nossa cidade. Nem teve a lembrança de trabalhar esse item, a não ser nas suas curtas e pouco vistas lives. Em 2041, prazo estendido pela Vale para tirar o time de campo, quem pagará os salários dos funcionários? E os proventos de pensionistas e aposentados? Marco Antônio Lage, de suas fazendas e bezerros?
Nada mais é preciso dizer sobre o “apocalipse” que nos ameaça. De um orçamento de R$ 1 bilhão por ano da municipalidade, cairemos à merreca de R$ 200 milhões, ou seja, 80% a menos. Em contraposição, os milhares de comentários só se referiram a praças, escolinhas, estradinhas, meios-fios, salários reajustados. Nem uma rara citação ao futuro, à Unifei ultrajada, degolada aos 15 anos de vida.
Meus dignos comentaristas são inúmeros, mas as picuinhas, infelizmente, batem repetidamente e até machucam diante da pergunta sobre os herdeiros que ficarão. Terão somente buracos e bananas? Caberá aos que estão bajulando e prometendo votos estarem dispostos a aceitar amargos dias do fim do mundo antecipado? Tudo certo, iremos assentar nos meios-fios das pracinhas que foram planejadas para só votos? Infelizmente, nosso governo não aprendeu a distinguir o que é “prioritário” do que é “supérfluo”.