O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, enviado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Caracas, na Venezuela, para acompanhar as eleições presidenciais ocorridas neste domingo (28), foi recebido pelo presidente Nicolás Maduro, no Palácio Miraflores.
Também presente ao encontro o presidente da Assembleia Nacional (AN), Jorge Rodrigues, apoiador de Maduro.
Segundo fontes diplomáticas, na ocasião, Maduro disse a Amorim que “seu governo entregará as atas eleitorais nos próximos dias”.
A reunião transcorreu em clima de cordialidade, com Maduro e Amorim conversando sobre o processo eleitoral e o presidente venezuelano alegando temer “um golpe por parte de extrema-direita”.
O presidente Lula tem deixado claro a necessidade de transparência do processo eleitoral venezuelano e seu governo ainda não se posicionou sobre a “suposta” eleição de Maduro, cobrando, principalmente, a divulgação das atas eleitorais que o Conselho Nacional ainda não fez.
Paralelamente, a oposição afirma ter provas das fraudes no processo que comprovariam a vitória de Edmundo González Urrutia, por margem superior a 70% dos votos.
Observadores das Nações Unidas também procuram conversar com o governo brasileiro, mas existem dúvidas na missão enviada por Lula sobre tendência política.
Amorim ressaltou o que chamou de grande erro da União Europeia por ter dado motivo para ser desconvidada por Caracas como observador do processo.
Maduro afirma que a UE não suspendeu, como prometera, as sanções contra seu país e funcionários do seu governo, entre eles a vice-presidente Delcy Rodríguez.
Amorim também se reuniu com o candidato da oposição, González, e com o dirigente Gerardo Blyde, coordenador da oposição nos diálogos com os chavistas, e um dos principais interlocutores do enviado de Lula.
O assessor presidencial brasileiro disse ao O Globo que o Brasil precisava ter certeza sobre as atas eleitorais antes de se manifestar sobre as eleições.
O presidente norte-americano, Joe Biden, definiu uma conversa com Lula para esta terça-feira (30), por telefone, para tratar sobre as eleições na Venezuela.
María Corina Machado, líder da oposição na Venezuela, disse, em coletiva à imprensa, nesta segunda-feira (29), que tem como provar que houve fraude e assegurou que teve acesso a cópias de 73% das atas de votação, que projetam vitória arrasadora de González, com 6,27 milhões de votos, contra 2,75 milhões de Maduro.
A reeleição de Maduro provoca protestos na Venezuela e questionamentos internacionais.
Manifestações ocorrem em várias regiões da capital com população enfrentando a polícia com barricadas de fogo e atirando pedras. Uma estátua do ex-presidente Hugo Chávez foi derrubada pelos manifestantes. O secretário de Estado Norte-americano, Anthony Blinken manifestou séria preocupação com o resultado, exigindo uma apuração “justa e transparente”.
Gustavo Petro, presidente da Colômbia, esquerdista, pediu “uma contagem total dos votos, sua verificação e auditorias independentes”.
Gabriel Boric, presidente do Chile afirmou que “os resultados são difíceis de acreditar”.
O governo panamenho retirou seu pessoal diplomático de Caracas e colocou em “suspenso” as relações bilaterais.
A França, Espanha e União Europeia pediram “total transparência” sobre o processo.
A Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai, exigiram uma “revisão completa dos resultados”, além de solicitarem uma reunião de emergência da OEA (Organização dos Estados Americanos) para emitir uma resolução que salvaguarde a vontade popular.
O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela determinou a retirada do seu pessoal diplomático de suas missões nesses países, os quais chamou de “intervencionistas”.
Também determinou que esses países deixem suas embaixadas em Caracas.
China, Rússia, Cuba, Nicarágua, Honduras e Bolívia parabenizaram Maduro.
O México, do presidente Andrés Manuel López Obrador disse considerar o resultado da CNE.