Quarto trimestre de 2018. É essa a nova previsão da Anglo American para retorno das atividades do Minas-Rio. O prazo foi comunicado a funcionários da mineradora nessa segunda-feira, 24 de março, em mensagem interna à qual DeFato Online teve acesso. Antes, a empresa falava em retomar as operações em 90 dias.
Técnicos da Anglo American e de institutos independentes estão averiguando o mineroduto do Minas-Rio desde 12 de março, quando houve o primeiro vazamento em Santo Antônio do Grama. O segundo rompimento aconteceu pouco mais de duas semanas depois, no dia 29, o que provocou a paralisação das atividades.
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“Após mais de 45 dias em campo e análises aprofundadas em nosso mineroduto, nossa empresa estima que as operações do Minas-Rio ficarão paralisadas até́ o quarto trimestre de 2018”, comunicou a Anglo American aos funcionários. Levando em consideração que as atividades foram interrompidas no fim de março, o novo prazo estipulado pela mineradora significaria seis meses, no mínimo, sem produzir minério de ferro.
Também nessa terça-feira, a empresa já havia enviado nota à imprensa na qual afirma que a paralisação das atividades do Minas-Rio poderá acarretar em um impacto de US$ 300 milhões a US$ 400 milhões – o equivalente a R$ 1,3 bilhão pela cotação atual – em seu EBITDA (lucro antes da depreciação). O índice representa a geração operacional de caixa da companhia, ou seja, o quanto a empresa gera de recursos apenas em suas atividades operacionais, sem levar em consideração os efeitos financeiros e de impostos.
Suspensão de contratos
No comunicado aos funcionários, a Anglo American volta a afirmar a necessidade de suspender contratos de trabalho após o período de férias coletivas, que teve início no dia 17 de abril. O lay off duraria cinco meses, prazo previsto em lei. A empresa, no entanto, posicionou que ainda não definiu quantos colaboradores seriam englobados nessa medida. “Depende de estudos”, afirmou.
A suspensão temporária dos contratos ainda é discutida com os sindicatos, entre eles o Metabase, de Itabira. Já foram realizadas três reuniões, mas ainda não houve um consenso. “A negociação está́ sendo realizada com extremo zelo e responsabilidade, pois sabemos que decisões como essas afetam os empregados e suas famílias”, enviou a Anglo aos funcionários.
De acordo com a empresa, os colaborares receberiam uma bolsa paga pelo Fundo de Apoio ao Trabalhador (FAT) e teriam um complemento desembolsado pela mineradora até o limite de seus salários líquidos. Os benefícios do acordo coletivo seriam mantidos, mas o pessoal não teria direito a encargos da CLT, como 13º e férias proporcionais, abonos e adicionais de qualquer natureza.
A proposta da Anglo American é que, durante o período de suspensão, os empregados cumpram uma carga horária de treinamentos de qualificação técnica profissional, com participação obrigatória, e uma série de atividades complementares e cursos variados, não obrigatórios, nas áreas de saúde, lazer etc.
A empresa termina o comunicado aos funcionários reafirmando que “não há previsão para demissões”. “Nossa parada operacional tem o intuito de garantir a segurança das pessoas, do meio ambiente e das nossas operações. Todos os impactos causados pelos incidentes são totalmente reversíveis”, finaliza a Anglo American.