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“A Unifei tem muita importância no desenvolvimento macroeconômico de Itabira”, assegura Ronaldo Magalhães

A Unifei tem muita importância no desenvolvimento macroeconômico de Itabira”, assegura Ronaldo Magalhães

Foto: Reprodução/YouTube/TV DeFato

Ronaldo Lage Magalhães (União Brasil) é dono de um dos mais ricos currículos político da história de Itabira. Ele foi diretor-presidente da Empresa de Desenvolvimento de Itabira (Itaurb), vereador, presidente da Câmara Municipal, prefeito por dois mandatos e deputado estadual. Atualmente, ocupa o cargo de assessor parlamentar do deputado estadual Tito Torres (PSD). O ex-prefeito esteve na redação da DeFato e concedeu uma entrevista ao programa “Sala de Visitas”.

Na ocasião, o político revisitou sua trajetória de homem público, avaliou o atual governo do município e traçou um quadro sobre o futuro de Itabira. Confira alguns pontos de vista de Ronaldo Magalhães:

Leia na íntegra a entrevista de Ronaldo Magalhães para o programa “Sala de Visitas”:

DeFato: Você entrou para a política depois de longa trajetória na iniciativa privada. Que circunstâncias de vida provocaram o seu encaminhamento para a política partidária?

Ronaldo Lage Magalhães: Eu nunca havia pensado em me candidatar a vereador, prefeito ou deputado. Eu trabalhei no comércio durante muitos anos. Fui empregado da Pires e Alvarenga Veículos e Grupo Belmont. Fui diretor da Acita (Associação Comercial, Industrial de Serviços e Agropecuária de Itabira). Também fui membro do Lions Club durante muito tempo. E, com isso, fomos criando um relacionamento muito grande no meio em que vivíamos. No comércio, por exemplo, você se relaciona com um número muito grande de pessoas diferentes. A candidatura de Li (Olímpio Pires Guerra) a prefeito nasceu dentro da Acita, onde eu ocupava o cargo de diretor-geral. Quando Li se elegeu, me convidou para ser o presidente da Itaurb. Foi aí que comecei a participar do processo político e da administração pública.

DeFato: Mais especificamente, como nasceu a ideia de sua candidatura a vereador?

Ronaldo Magalhães: Eu ainda era presidente da Itaurb e, naquela ocasião, eu não pensava em me candidatar. Na verdade, eu pretendia permanecer nesse cargo apenas por um determinado tempo. Em 1995, o prefeito Li me pressionou bastante e exigiu que eu me candidatasse a vereador. O meu amigo (e ex- patrão) Mauro Ribeiro Lage também participou dessa pressão. O problema é que havia grandes nomes no PDT (o partido do prefeito Li Guerra) como Cupertino, Zé do Cachimbo, Marcos Domingues e Alvarenga. Eu pensei o seguinte: “um lambari não dá certo nadando no meio de tubarões”. Então, criamos o PSD (Partido Social Democrático) em Itabira. Formamos um grupo e tudo deu muito certo porque elegemos dois vereadores. Eu e mais um outro. Na verdade, fui o mais votado da minha coligação. Fui o segundo mais votado da cidade, nessas eleições de 1996. O vereador mais votado foi Élio Quadrado, nosso amigo de Ipoema. Nós tivemos mais votos que os candidatos do PDT.

DeFato: Diante de sua experiência de vida pessoal e pública, que conselho daria a um jovem que pretenda entrar para a política?

Ronaldo Magalhães: E nós precisamos de jovens na política, tanto homens quanto mulheres. Primeiro, essa pessoa precisa conhecer o meio em que vive, para ver de que forma pode contribuir com a sociedade. Eu, quando comecei [na política], já não era tão jovem, mas, devido às minhas atribuições no Lions, eu já conhecia bem a comunidade carente. Então, esse jovem precisa conhecer a situação de sua cidade para entrar nesse processo [político]. Precisa entender as carências da sociedade. A meu ver, ele necessita defender de duas a três bandeiras para levar em frente os seus objetivos. A eleição para vereador, por exemplo, é muito difícil, mas um jovem consciente pode ter êxito nesse objetivo.

DeFato: Você teve uma carreira meteórica. Depois de passar pela direção da Itaurb, foi eleito vereador e se tornou presidente da Câmara. Havia três tendências políticas, no Legislativo, naquela ocasião: os grupos de Li Guerra, Luiz Menezes e do prefeito Jackson Tavares, do PT. Como conseguiu administrar interesses tão antagônicos?

Ronaldo Magalhães: Esses grupos estavam bem definidos na Câmara. Eu pertencia ao grupo do Li. Naquela época, a eleição para presidente da Câmara acontecia anualmente. Em 1997, o presidente foi Roberto Chaves, apoiado pelo prefeito Jackson. O candidato a presidente de 1998 seria Guerrinha [José Aparecido Guerra], do grupo de Luiz Menezes. Naquele tempo, eram 19 vereadores. Então, Guerrinha precisava do voto de pelo menos dez [vereadores] para garantir a sua eleição. Com um ano de mandato, eu havia aprendido muito sobre o funcionamento da Câmara e estudei bastante o Regimento Interno, a Constituição Federal e a Constituição Estadual. Mas o tempo passava, estava chegando a época da eleição e Guerrinha não conseguia os dez votos. Então eu disse para ele: “Guerrinha, passe isso para mim que eu vou ganhar”. Aí eu abri um pouco o leque. Conseguimos juntar o Grupo de Luiz Menezes com o [grupo] de Li e ganhamos por 10 votos a 9 [votos]. Então, me elegi presidente da Câmara, em 1997, no final do meu primeiro ano de mandato. Eu fui o presidente de 1998.

DeFato: E como foi o desenvolvimento do seu mandato? A presença de um presidente de oposição, na Mesa Diretora, provocou algum atrito com o Executivo?

Ronaldo Magalhães: Sim, foi um pouco difícil porque eu era oposição ao governo [Jackson Tavares, do PT]. Realmente, foi muito difícil coordenar tudo isso. Mas, de todo jeito, não é fácil ser presidente da Câmara, indiferente de se ser situação ou oposição. Hoje, por exemplo, são 17 cabeças diferentes. São 17 vereadores buscando desenvolver seus projetos e elaborando estratégias para defender sua comunidade, seu bairro. O presidente tem, o tempo todo, de tentar convergir [interesses] para poder avançar de forma razoável. Eu fiz isso muito bem, com apoio dos dois grupos que me elegeram. Nunca tivemos apoio do governo Jackson, mas conseguimos avançar.

DeFato: Você tem um dos mais consistentes currículos políticos da história de Itabira. Foi vereador, presidente da Câmara, prefeito por dois mandatos e deputado. O que mais lhe encanta: o poder Executivo ou o poder Legislativo?

Ronaldo Magalhães: O Executivo e o Legislativo têm um processo político interessante. Ambos são questões públicas complexas. No Legislativo, você precisa estar sempre estudando e aprendendo mais, todos os dias. O interessante do Executivo é que você realiza, você faz acontecer. Você executa o seu próprio orçamento. Então, eu entendo que no Executivo você tem uma autonomia maior para trabalhar, mas tem que ser fiel à legislação e ao orçamento. Mas também é fundamental um bom relacionamento com o Legislativo, que é o responsável pela aprovação das ações do governo.

DeFato: As suas duas participações nas eleições majoritárias de Itabira podem ser uma boa tese para a Ciência Política. Na primeira eleição (em 2000), você aparecia como azarão. Todas as pesquisas indicavam que o prefeito Jackson Tavares conseguiria a reeleição com facilidade. Na reta final, porém, você cresceu e conseguiu se eleger. Nas últimas eleições (2020), aconteceu exatamente o contrário. No início do processo eleitoral, as sondagens de opinião projetavam a sua vitória nas urnas até com certa tranquilidade. Por que Ronaldo Magalhães não se reelegeu?

Ronaldo Magalhães: Cada eleição tem uma história diferente. Os momentos mudam e os candidatos são diferentes. Nas últimas eleições, a Covid me atrapalhou bastante. Uma eleição marcada para 5 de outubro foi transferida para 15 de novembro. Foi uma diferença de 40 dias. E aí a oposição se ajuntou. Os principais políticos de Itabira se posicionaram contra a minha reeleição. E a oposição conseguiu um tempo ainda maior para tirar a diferença nas pesquisas. E tem outro detalhe que teve um peso ainda maior nisso tudo. No dia das eleições [15 de novembro], a Covid ainda estava muito intensa. Houve, por isso, uma abstenção de 17 mil votos. Foi uma ausência de eleitores de meia idade para frente, pessoas mais idosas e, pelas características daquela eleição, era um eleitorado onde eu tinha uma maior penetração. Então, eu acho que perdi por dois motivos: a prorrogação do tempo da campanha e a elevada abstenção. Eu perdi por uma margem muito pequena. O resultado da eleição foi praticamente dividido ao meio. Então, eu fui derrotado pela Covid.

DeFato: O tempo passa muito rápido e já nos encontramos praticamente na reta final do atual governo. No ano que vem haverá novas eleições municipais. Qual a sua avaliação sobre esses três anos da administração municipal?

Ronaldo Magalhães: Estamos praticamente a um ano das próximas eleições. Já são três anos da atual administração municipal e eu não tenho visto nada de diferente acontecer. Na saúde, têm faltado medicamentos nos PSF(s) e Pronto-Socorro. Faltam medicamentos na Farmácia da Prefeitura e os exames laboratoriais estão muito atrasados, bem como as cirurgias eletivas. Não foi realizada uma grande obra até agora. E tudo isso com um orçamento muito grande. O orçamento desse governo será, no mínimo, o dobro do [orçamento] do meu governo. O atual [governo] vai chegar na casa de R$ 4 bilhões em quatro anos. Nós não chegamos a R$ 2 bilhões em quatro anos. Eu vejo que existem muitos recursos e poucas realizações. Todos os três últimos prefeitos investiram na Unifei. No nosso governo, conseguimos R$ 110 milhões [com a Vale] para a construção de três prédios. Claro que o preço da construção civil subiu muito nos últimos anos. Então, tem que se sentar com a Vale, rediscutir a planilha e continuar com a obra. Qualquer município do Brasil, que não tem uma universidade federal, quer uma Unifei. É uma das melhores universidades do País, principalmente em tecnologia. Claro que a Vale apoia a Unifei, porque tem interesse em contar com bons engenheiros. Mas a Unifei é uma obra que não está acontecendo.

DeFato: Mas, o atual prefeito critica o investimento da Prefeitura em obras de instituições do governo federal. Como você analisa esse discurso do chefe do Executivo?

Ronaldo Magalhães: Nós não investimos dinheiro do município na Unifei. O governo João, que iniciou as obras, teve que investir. O governo federal não está construindo universidades. Com muita dificuldade, o governo federal faz apenas manutenções. Vários reitores estão reclamando da falta de recursos. O município de Itabira aceitou a proposta [de implantação da Unifei], mas o grande investimento até agora foi da Vale. Inclusive esses prédios, que estão quase parados, são de recursos da Vale. A Prefeitura fez a doação dos terrenos e construiu dois prédios. Mas se o município colocar algum recurso nesse investimento, não é problema, pois a Unifei ajuda no desenvolvimento econômico do município. A instituição facilita o acesso do itabirano ao ensino superior e também contribui na geração de empregos e renda. Um aluno — que vem de fora — gasta, em média, R$ 3 mil mensalmente na nossa cidade. O sistema, então, roda economicamente. A Unifei tem muita condição de participar do projeto macroeconômico de Itabira.

Assista a entrevista de Ronaldo Magalhães para o programa “Sala de Visitas”, da TV DeFato:

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