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A Unifei vai muito além das aparências

Unifei

Foto: Gustavo Linhares/DeFato

O planeta encontra-se na antessala de grave crise econômica. O sinal amarelo piscou nos principais países europeus. O Reino Unido é o principal símbolo desse preocupante cenário. Lá, a primeira-ministra Liz Truss foi defenestrada 45 dias depois de assumir o cargo. A britânica deixou a imagem de um cometa com intenso brilho efêmero. Uma má notícia. A procela financeira dificilmente deixará de atingir o Brasil. Há intensas nuvens negras no horizonte tapuia. O próximo ano chegará repleto de incertezas.

Itabira, por ora, trafega na contramão do mundo. Esse delito no trânsito global é muito positivo para a terra do poeta maior. Mato Dentro vivencia um instante de clara expansão econômica. A locomotiva desse crescimento tem nome e sobrenome: descomissionamento de barragens. A ação preventiva da Vale coloca a cidade provisoriamente nos trilhos do desenvolvimento. Um monte de empreiteiras invadiu o pedaço. O comércio e prestação de serviços nadam de braçadas diante desse cenário bastante favorável. 

Mas, atenção: essa atraente paisagem tem cara de peça de ficção. A notícia de prosperidade financeira é mais uma miragem no Sinai local. Então, é necessária maior nitidez nessa análise de conjuntura. A atual pujança da economia local é uma bolha com certeza de explosão iminente. Não se sustenta. O futuro é incerto e duvidoso, além de assustador. As reformas dos depósitos de contenção de rejeitos têm prazo de validade. Mas, e depois? O pior está a caminho. Em breve – muito mais rápido do que possa imaginar “nossa vã filosofia” – a mineradora pegará o seu esfarrapado boné e se escafederá. E aqui, nesse momento, está a comprovação prática de que minério não dá duas safras. 

O conhecimento, porém, é eterno. O ser humano sente necessidade ilimitada de saber. Nesse caso pode-se afirmar, com mínima possiblidade de equívoco, que o futuro de Itabira passa pelo campus avançado da Universidade Federal de Itajubá (Unifei). Todo itabirano parece ter consciência dessa veracidade, pois quem sabe ver a cidade não tem dúvidas. 

No entanto, é preocupante o aparente (ou dissimulado) descaso das autoridades do município. A irritante morosidade no ritmo das obras de expansão do estabelecimento de ensino rima com omissão imperdoável. Nos últimos dias, a sociedade assistiu a um constrangedor jogo de empurra-empurra entre Prefeitura e Vale -as principais parceiras do empreendimento. O órgão público garante que os trabalhos de construção civil não estão no freezer. A multinacional brasileira, por sua vez, jura que os repasses das verbas para os cofres públicos acontecem rigorosamente dentro dos prazos estabelecidos. 

Essa lorota, porém, não combina com o que se nota nos canteiros de obras. O estágio atual denota que um dos atores dessa encenação não tem compromisso com a transparência. A edificação dos novos prédios da Universidade caminha com a velocidade de preguiçosas tartarugas. É incontestável. E Itabira tem pressa, muita pressa. O futuro da pólis já não combina com o esburacado e poeirento passado. Não se engane: a Unifei é muito mais que cimento e tijolos. A instituição de ensino se transformou num monumento à sobrevivência. Os mandarins de Itabira e a Vale ainda não entenderam essa clara mensagem do pragmatismo. Então, é hora de soar as sirenes emergenciais da responsabilidade política.

Fernando Silva é jornalista e escreve sobre política em DeFato Online.

O conteúdo expresso é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.

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