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Administrador de Ipoema admite trabalho em propriedade de sobrinho do prefeito, mas nega que ação seja ilegal

sobrinho prefeito

Foto: Victor Eduardo/DeFato Online

Nesta segunda-feira (24), o administrador distrital de Ipoema, Rogério Coelho, finalmente compareceu à Câmara para prestar esclarecimentos sobre uma denúncia feita pelo vereador Robertinho da Autoescola (MDB). Segundo o emedebista, um maquinário público estaria sendo utilizado em trabalhos na propriedade privada de um sobrinho do prefeito Marco Antônio Lage (PSB). Convocado pelos vereadores, Rogério confirmou a informação, mas negou a ilegalidade da prática.

Segundo ele e a secretária municipal de Auditoria Interna e Controladoria, Nádia Sales Chaves, que prestou contas da sua pasta ao Legislativo, a fazenda que recebeu as obras de cascalhamento faz parte de uma “faixa de servidão”, assim como outras localizadas nas imediações. Como argumento, Rogério enfatizou que toda estrada rural é privada.

“Isto é afirmativo. Realmente trabalhou dentro da fazenda do suposto sobrinho do Marco Antônio. O trabalho que a gente faz é atender em Ipoema todas as casas da mesma maneira, mas na região rural toda estrada não é pública, é privada, tem dono. Então, com certeza nós trabalhamos dentro dessa propriedade porque passamos por ela para atender… toda estrada da região é aberta ao público, mas é particular”, disse.

O administrador de Ipoema também precisou dar detalhes sobre seu parentesco com Marco Antônio, de quem é primo. Alvo da denúncia, o “sobrinho do prefeito” é filho de uma prima de Rogério. Por todo esse laço familiar, diz ele, quase todo trabalho em estradas rurais do distrito envolverá familiares dele e de Marco Antônio Lage.

“Minha família e a família de Marco Antônio são de Ipoema. 70% de tudo que a gente fizer lá, vai passar por uma estrada que vai ter um parente meu ou dele. Nossa família é de lá. Com certeza, tudo que eu já fiz ou vou fazer lá vai passar por alguém com grau de parentesco com a gente, e a gente não vai deixar de atender por isso”, afirma. 

Por fim, o membro do Governo Municipal deu mais detalhes sobre as obras, voltadas à comunidade de Tabatinga. De acordo com Rogério, o trabalho obedece à ordem de Marco Antônio em melhorar todas as estradas que possuam uma casa. “O início do trabalho era para atender três moradores. E no final, onde parei depois da denúncia, porque a gente tem intenção de continuar, dá em um morador e depois dele em uma comunidade com dez moradores. Eu não terminei o serviço ainda, pretendo terminar. Agora, o acordo que foi passado para a gente pelo prefeito e a secretária de obras (Elaine Mendes), é que todas as estradas, onde tem uma casa, a gente tem que chegar com estrada na porta, é o direito de ir e vir. Posso até não conseguir fazer, mas a intenção é essa”.

Foto: Victor Eduardo/DeFato Online

Parou por quê? Por que parou?

Após ouvir do próprio Rogério que o cascalhamento foi interrompido quando surgiram as denúncias, Rose Félix (MDB) questionou o administrador do porquê da decisão. Gaguejando, ele deu uma resposta confusa.

“A gente tá fazendo um serviço de asfaltamento e calçamento no Morro Redondo, e a nossa cascaneira está após o Morro Redondo. Aí por estarem fazendo uma melhoria muito boa para a região, esse é o motivo de eu estar trabalhando no final de semana, para não atrasar a obra que está sendo feita lá. Então esse é o motivo do do do… perdi, perdi… (o raciocínio), de ter paralisado o cascalhamento (gagueja e recorre ao vereador Carlos Henrique de Oliveira, do PDT)”.

Satisfeito

Responsável pela denúncia que gerou toda a situação, Robertinho da Autoescola, em entrevista exclusiva à DeFato, se disse satisfeito com os esclarecimentos de Rogério.

“Fiquei satisfeito, porque ele explicou que cascalhou a rua e essa porteira, que a gente entende como propriedade particular, é uma área de servidão. Então o resto cabe à justiça apurar, porque são várias denúncias”.

No entanto, o parlamentar pontuou que a Câmara não pode parar por aí. “Pelo que ele nos apresentou, a justificativa dele é que tá tudo dentro da legalidade. Agora é apurar os fatos mesmo, porque a gente não pode ficar só nisso. Se tiver que ir mais fundo, o Ministério Público vai entrar em ação”, completou Robertinho.

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