A 16ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública trouxe um levantamento especial sobre a violência contra pessoas negras no Brasil. O estudo organizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, foi publicado em 18 de novembro e aponta, através de dados, a relação direta entre violência e racismo.
Segundo o Anuário, baseado em dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/MS), 408.605 pessoas negras foram assassinadas no Brasil durante a última década. 72% de todos os homicídios do país durante o mesmo período, foram de negros.
Em 2021, as pessoas negras representaram 77,6% das vítimas de homicídio doloso, 67,6% das mortes por latrocínio, 84,1% dos mortos pelas polícias e 67,7% dos policiais assassinados.
Desproporcionalmente, enquanto os homicídios de pessoas brancas caiu 26,5%, o homicídio de pessoas pretas cresceu 7,5%. A cada 100 pessoas assassinadas no Brasil em 2021, 78 eram negras. Em 2010, essa proporção era de 66,9%. Outro dado desproporcional, é o da população prisional brasileira, composta em 67,5% por pretos e pardos.
Racismo e medo
Segundo o infográfico, o Brasil registrou em 2021, 13.830 casos de injúria racial e 6.003 casos de racismo. O racismo também se manifesta através do medo: 85,3% da população negra sente medo de morrer assassinada, e 69,2% teme ser vítima de violência policial.
Negros (as) também sentem mais medo de sofrer violência por escolha política ou partidária: são 70,1%, enquanto 61,6% dos brancos. Tais dados foram obtidos na pesquisa ‘‘Violência e democracia: panorama brasileiro pré-eleições 2022’’.
Dados da violência de gênero
Os dados da pesquisa também trazem informações do relatório ‘‘Visível e invisível: a vitimização de mulheres no Brasil’’, publicado em 2021. O estudo aponta que mulheres negras sofrem mais assédio que mulheres brancas. 43,3% das mulheres negras relataram já ter sofrido algum tipo de assédio, número que cai para 30% em relação às mulheres brancas que também sofreram situações de abuso.
Em 2021, mulheres negras representaram: 62% das vítimas de feminicidio, 70,7% das vitímas das demais mortes violentas intencionais e 52,2% dos casos de estupro de vulnerável.
Saiba mais sobre Anuário Brasileiro de Segurança Pública
O Anuário se baseia em informações fornecidas pelas secretarias de segurança pública estaduais, pelas polícias civis, militares e federal, entre outras fontes oficiais da Segurança Pública. A publicação é uma ferramenta importante para a promoção da transparência e da prestação de contas na área, contribuindo para a melhoria da qualidade dos dados. Além disso, produz conhecimento, incentiva a avaliação de políticas públicas e promove o debate de novos temas na agenda do setor. Trata-se do mais amplo retrato da segurança pública brasileira.