Os dois candidatos ao Palácio Miraflores intensificam suas campanhas em ardorosos comícios na busca dos votos do eleitorado venezuelano para as eleições do próximo domingo (28).
De um lado o atual presidente, Nicolás Maduro, que busca permanecer no posto pela terceira vez. Do outro, Edmundo González, que tenta evitar a reeleição do presidente e restaurar a democracia em seu país.
Maduro, 61 anos, foi eleito pela primeira vez em abril de 2013, assumindo o lugar do presidente Hugo Chavez, morto em decorrência de doença e do qual era o vice-presidente.
Maduro tem sido acusado pela comunidade internacional por perseguição e prisão de opositores, desrespeitando direitos políticos durante os anos em que preside o país.
Para essa eleição, Maduro tem adotado um discurso de intimidação a eleitores e adversários políticos, quando, na semana passada, sugeriu que se perder a eleição, poderá haver um “banho de sangue” e até “uma guerra civil”.
Edmundo González tem 74 anos, é diplomata aposentado e se tornou candidato no limiar das inscrições à disputa, depois que os tribunais controlados por Maduro impediram ex-deputada Maria Corina Machado e da sua substituta, a filósofa Corina Yoris.
Em sua campanha, González tem defendido o retorno dos quase 8 milhões de venezuelanos, segundo a ONU, que foram para o exterior fugindo do regime de exceção implementado pelo atual presidente.
González promete recuperar a economia e reduzir a inflação, que chegou a 189% em 2023 e com a metade da população abaixo da linha da pobreza.
Maduro usa a estrutura do governo em sua campanha, com a TV estatal veiculando notícias e pesquisas de opinião favoráveis a ele.
No entanto, pesquisas de opinião independentes indicam seu opositor à frente com mais de 30 pontos percentuais de vantagem, contrariando um instituto pró-governo.
Jornalistas independentes têm sofrido perseguições e seis apoiadores de Edmundo buscaram refúgio na embaixada da Argentina na Venezuela, temendo represálias e prisões.
Mestre em Direito Internacional, Victor Del Vecchio, relata o que vê pelas ruas:
“As cidades estão forradas de outdoors e faixas do governo de Nicolás Maduro e, ao mesmo tempo, a gente vê pouca mobilização oficial, nesse sentido, da oposição. Uma coisa que me chamou a atenção é a confusão do público e do privado. Então você vê, por exemplo, lugares onde deveria ter símbolo do governo e não do candidato, você vê uma propaganda política também”.
John Kirby, porta-voz de segurança dos Estados Unidos, declarou, nesta quinta-feira (25), que espera eleições pacíficas e justas no domingo e que repressão política, violência e intimidação, são inaceitáveis.
Os ministros de Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira e da Colômbia, Luiz Gilberto Murillo, reunidos em Brasília, avaliaram a situação na Venezuela. Mauro Vieira não quis se pronunciar sobre o resultado do encontro.
O embaixador Celso Amorim, assessor internacional da Presidência deve seguir para a Venezuela nesta sexta-feira (26) para acompanhar de perto as eleições.