O presidente do sindicato Metabase de Itabira e Região, André Viana Madeira, disse que vai cobrar, na próxima reunião do Conselho de Administração da Vale, a participação efetiva e propositiva da mineradora no grupo de trabalho constituído pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente (Codema) para discutir o fechamento das minas da multinacional em Itabira, anunciada para 2041.
De acordo com André Viana, o objetivo desse grupo de trabalho é discutir e propor ações, desde já, para o descomissionamento das minas locais, como também para o uso futuro de todas as estruturas e ocupações da Vale após o encerramento das suas atividades minerárias no município.
A exaustão mineral no complexo de Itabira está prevista para 2041, conforme último relatório Form-20, encaminhado à Bolsa de Valores de Nova Iorque, Estados Unidos. Mas, antes, já ocorreram a exaustão das minas Cauê, em 2003, e Chacrinha, em 2016, sem que isso fosse comunicado à sociedade itabirana.
Na reunião do Conselho Administração, André Viana diz que fará valer o seu direito de fala, tanto como representante dos colaboradores da Vale quanto em nome da comunidade itabirana. “A cidade vive nessa eterna angústia de não saber quando será o fim, que já vem acontecendo”, diz o sindicalista, que ressalta que é grande o temor entre os trabalhadores, ainda mais depois do fechamento abrupto, sem aviso prévio, da usina da Gerdau, em Barão de Cocais.
“Imagine se algo semelhante acontece em Itabira, ainda que não seja um fechamento total, mas queda paulatina e vertiginosa da produção de minério, embora no momento atual o viés seja de alta. Seria um caos econômico e social , com abalo sem precedentes nas finanças do município”, avalia André Viana.
Ainda conforme o sindicalista, tudo pode acontecer em um mercado global volátil — como é o de minério de ferro —. Desde uma desaceleração da produção local por uma eventual queda repentina no preço da commodity, ou até mesmo pelo início de operação de complexos minerários mais competitivos, com teor de ferro acima do que é extraído e beneficiado em Itabira.
Diante disso, André Viana defende que as discussões e a implementação de ações para o descomissionamento das minas deve ter início desde já, com ampla discussão com a sociedade itabirana, não somente no grupo de trabalho do Codema, mas também na Câmara de Vereadores, sindicatos, associações empresariais e comunitárias.
“Que a Vale comece por apresentar os planos de fechamento de minas já apresentados à agência reguladora, com as atualizações das reservas e recursos minerais, para que o processo de exaustão aconteça de forma planejada e bem equacionada, a fim de Itabira dispor, desde já, do uso futuro das estruturas que já estão sendo descaracterizadas”, reivindica André Viana.
Segundo ele, é esse posicionamento que irá defender na reunião com os conselheiros da Vale. “Vou, inclusive, cobrar a ampla divulgação das atualizações do Plano de Fechamento das Minas de Itabira, que a cada cinco anos são atualizados e apresentados à agência reguladora da mineração”, adianta.
Sindicato Metabase classifica como arrogante a postura da Vale no Codema
Esse posicionamento de André Viana, em nome do Sindicato Metabase de Itabira e Região, foi adiantado em nota encaminhada ao Codema. Nela, os sindicalistas itabiranos repudiam o que chamam de postura “não urbana e arrogante da Vale ao se eximir de participar de importantes grupos de trabalho sobre esse mais importante tema que preocupa a população itabirana: a exaustão mineral que se avizinha”.
A nota foi encaminhada em nome da diretoria da gestão 2022-2026, com o endosso dos representantes do sindicato no órgão ambiental, os diretores José Custódio Pires Guerra e Geraldo Magela Batista Júnior. O documento foi lido na reunião de sexta-feira (14) do Codema.
Para os sindicalistas, a criticada postura da mineradora ao se negar participar da discussão e encaminhamento do Plano de Fechamento de Minas é um acinte à população itabirana. “Frisamos ainda que o presidente do Sindicato Metabase de Itabira e Região e conselheiro Administrativo da Vale S.A. no Brasil exigirá, a curto prazo, que a empresa reveja tal postura e aja com a responsabilidade que lhe cabe”, destaca a nota dos sindicalistas.
Por último, os sindicalistas manifestam “apoio incondicional ao Codema e demais conselheiros”, comprometendo-se com a luta por uma Itabira verdadeiramente sustentável. “Se preciso estaremos em outras instâncias exigindo a mudança de postura da empresa”, registra a nota sindical.