Passava pouco das 2h44 do dia 6 de junho de 1944, quando cinco aviadores da Octogésima Segunda Divisão lançaram 14 paraquedistas próximo de sua marca de pouso sobre a Normandia, na França, alguns minutos antes de sua aeronave mergulhar para a morte.
Alguns dias após, os restos mortais do piloto e do chefe da tripulação foram encontrados e recuperados, mas os corpos do copiloto, do navegador e do operador de rádio não haviam sido localizados.
No entanto, 80 anos depois do Dia D, quando da invasão da Normandia, uma agência do Departamento de Defesa dos Estados Unidos acredita que possa ter localizado o local da queda da aeronave C-47 e possivelmente os restos do Segundo Tenente William Donohue, do operador de rádio, Sargento David Madson e do navegador, Segundo Tenente, Albert Brooks.
O Dia D é conhecido como “o começo do fim da guerra” e foi o primeiro grande ataque das forças aliadas a desembarcar em território ocupado pelos alemães.
As Divisões 101 e 82 foram as primeiras a participarem da Operação Overlord, que contou com mais de 160 mil soldados aliados desembarcando ao longo das praias da Normandia para combater os nazistas, e os paraquedistas foram fundamentais ao se posicionarem atrás das linhas inimigas impedindo o abastecimento das tropas alemãs, onde lutariam como soldados de infantarias pelo tempo que fosse necessário na conquista da missão.
O meio de transporte dos soldados era feito por aviões C-47, uma adaptação do avião civil DC 3.
821 aviões C-47 transportaram, na manhã do Dia D, mais de 13 mil soldados das duas divisões, dezoito deles foram abatidos pela artilharia inimiga.
Diante da intensa artilharia antiaérea alemã, Donohue, Madson e Brooks não tiveram tempo de saltar ou realizar um pouso forçado após lançar os paraquedistas.
A Agência de Contabilidade de prisioneiros de guerra e desaparecidos em combate dos EUA (DPAA), em 2016, recebeu informações de que o local do acidente havia sido descoberto em terras agrícolas da Normandia.
Em 2019, foi enviada uma equipe ao local para avaliação, que encontrou um indicador de velocidade do ar e parte de um ajustador de carga do C-47, evidenciando tratar-se de um avião.
O local foi escavado por uma equipe de 25 pessoas com trabalhos intensivos durante seis semanas seguidas, utilizando-se de uma escavadeira e pás para criar dezenas de quadrantes em busca de concentrações de metal, fivelas de paraquedas, fragmentos de fone de ouvido e lanternas padrão que cada membro de tripulação carregava consigo, e até material ósseo, depois lavados com pressão e peneirados cada centímetro do solo, conforme explicou o capitão Brian Foxworth, líder da equipe de busca.
O trabalho foi concluído em maio e os itens recolhidos para um laboratório da DPAA na Base Aérea de Offutt, em Nebraska, onde serão catalogados e testados por uma equipe de cientistas forenses.
Itens não biológicos, como relógios, botas, crachás de identificação, joias serão atribuídos a um analista, assim como dentes, material esquelético, seriam inventariados.
Para testes de amostras de DNA, segundo a cientista forense Carrie Brown, basta um grama de osso denso, com os resultados comparados com uma amostra de DNA do prontuário médico do militar desaparecido.
Confirmada a identidade, o Departamento de Repatriação de Conflitos Passados do Exército se conecta com membros da família para coleta de amostras de referência que possam ser correspondentes ao DNA.
Segundo o DPAA, ainda se encontram desaparecidos 72 mil combatentes norte-americanos na Segunda Guerra Mundial. A agência realiza operações em 45 países em busca de vestígios de soldados mortos para repatriá-los.