Por Miguel Henriques Amado
A vitória contra a URT é apenas um pequeno passo na reconstrução do Cruzeiro, mas o 3 a 0 no placar empolga, após algumas notícias negativas que tiveram impacto na nova fase do clube e a desconfiança da torcida, que segue na expectativa de ver o gigante clube mineiro no lugar onde merece: na elite do futebol brasileiro e disputando os maiores títulos.
Após dois anos na segunda divisão e absolutamente nenhuma luz no fim do túnel, o Cruzeiro tornou-se uma Sociedade Anônima de Futebol (SAF) e logo foi comprado por Ronaldo Fenômeno por 400 milhões de reais. A empolgação voltou a surgir na torcida.
Entretanto, o ex-jogador não se escondeu e tomou decisões difíceis: decidiu não continuar com Vanderlei Luxemburgo e Alexandre Mattos, cortou custos e viu a saída do goleiro Fábio, jogador com o maior número de partidas da história do clube, em uma disputa de contrato que teve as partes discordando e uma despedida que não foi à altura do ídolo.
Tudo isso fez a empolgação esfriar, mas em campo o jovem elenco deu resposta no primeiro desafio. Mesmo com essas dificuldades o time era o para a partida nas principais casas de apostas – confira aqui como começar a dar seus palpites nos campeonatos estaduais – e isso ficou claro durante o jogo. O time pressionou no alto, criou várias chances e foi oportunista. A defesa, um dos grandes problemas desde a queda para a Série B, pouco sofreu.
O treinador uruguaio Paulo Pezzolano é outra das apostas para o ano e propõe um jogo ofensivo, com trocas de posição e posse de bola. Tudo isso foi visto na vitória por 3 a 0. Aos poucos o técnico irá deixando a desconfiança de lado em um cargo que é muito difícil, vide o fato que desde 2020 vários nomes já passaram pelo banco, inclusive pesos-pesados como Luiz Felipe Scolari e Vanderlei Luxemburgo. Felipe Conceição, Mozart, Adilson Batista, Enderson Moreira, entre outros, também não conseguiram se firmar.
Os jogos do Campeonato Mineiro servem para criar uma espinha dorsal, implantar um estilo de jogo, entrar em forma e ganhar confiança, inclusive achando novas referências após a saída de Fábio e vários outros.
Mas não adianta achar que tudo será um mar de rosas: o time já joga contra o América no dia 2 de fevereiro e no dia 6 de março tem o clássico contra o Atlético. Derrotas nesses jogos para dois clubes de Série A e trabalhos de qualidade são normais para quem enxerga de fora, mas o torcedor cruzeirense não irá ter esse distanciamento e a paciência. Ele quer ganhar já e recuperar o tempo perdido o mais rápido possível.
Até abril, quando começa a Série B, que é o principal objetivo do time celeste no ano, já há alguns desafios pela frente. Classificar-se para a semifinal do Mineiro, ficando entre os 4 primeiros na fase de pontos corridos é uma delas. A outra é avançar o máximo possível na Copa do Brasil. A trajetória começará contra o Sergipe no fim de fevereiro.
A eliminação para a Juazeirense na terceira fase na temporada passada foi traumática, inclusive culminando com a demissão de Felipe Conceição ainda na Bahia. Em 2020 a eliminação também foi na terceira fase, nas mãos do CRB. Para um clube que é o maior campeão da história da competição, com seis conquistas, e venceu duas seguidas em 2017 e 2018, logo antes do trágico ano de 2019 (rebaixamento no Brasileirão), a Copa do Brasil é um marco para a retomada do clube, além de um forte torneio no aspecto econômico, com premiações milionárias a cada fase superada. Ronaldo com certeza agradecerá cada etapa que for conquistada nessa competição.
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