A formação da identidade de um povo se dá por meio do legado que é repassado entre gerações, podendo ser ele um conjunto de bens materiais ou imateriais. Este legado, ao qual podemos nos referir como herança cultural, consiste na preservação da memória.
Dentro da arquitetura, este processo se faz bastante presente no processo de “Interpretar Memória”, uma vertente da área de Patrimônio no curso. E o arquiteto urbanista mineiro Arthur da Costa Ferreira, natural de Santa Bárbara, vem desenvolvendo muito essa ideia.
Formado em arquitetura pela Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ), Arthur sempre teve em mente que dedicaria seu trabalho final do curso à memória de sua cidade natal, Santa Bárbara.
Inicialmente, decidiu fazer um trabalho voltado à sinalização interpretativa, devido a visitas que fez a algumas cidades históricas. Dentre elas Ouro Preto, tida como referência mundial dentro da área de interpretação.
Em sua ideia inicial, faria uma análise de todos os pontos turísticos e atrativos de Santa Bárbara, visando um centro de interpretação à cidade. E para isso, precisaria ter contato direto com os moradores do município para entender como o legado dos Santa-Barbarenses vinha sendo repassado.
”Logo quando comecei minha pesquisa, eu tive em mente que precisaria me aproximar das pessoas, pois as pessoas são um importante patrimônio dentro de uma cidade. Porque muitas informações que são passadas para frente, de geração em geração, nascem delas”, contou o arquiteto.
O processo
Em suas andanças pela cidade, Arthur percebeu que a forma como os moradores de Santa Bárbara lidavam com o patrimônio da cidade era diferente, por exemplo, da forma como as pessoas de lugares como Congonhas, Ouro Preto e São João Del Rei lidavam.
“Santa Bárbara é uma cidade muito rica em patrimônio natural, físico, edificado e outros e muitos dos moradores sabem disso. No entanto, elas não conhecem a histórias desses patrimônios”, explica Arthur.
Visando documentar toda a herança cultural existente em Santa Bárbara, o arquiteto decidiu realizar um documentário visando preservar a memória da população. Para que, cada vez mais, as pessoas descobrissem e compreendessem o patrimônio da cidade.
Devido à pandemia, Arthur não conseguiu dar continuidade ao projeto audiovisual. Foi então que seu trabalho ganhou uma nova direção.
“Eu mudei completamente o rumo do meu trabalho e resolvi produzir algumas peças gráficas. Foi assim que surgiu um mapa turístico, com todos os pontos da cidade, seus distritos e outros municípios da região. O calendário, chamado ‘Os Olhos de Santa Bárbara’ e, também, uma revista”, ressaltou o arquiteto urbanista.
Público e Divulgação
Tendo em mente a importância do seu trabalho e buscando atingir um público variado de pessoas, Arthur voltou seu trabalho para uma linguagem mais “popular”.
“Desde que eu comecei o meu trabalho, sempre tive em mente que gostaria de desenvolver algo para a comunidade, para as pessoas. Meu objetivo era fazer com que todos que recebessem a revista ou tivessem acesso a ela, entendessem. Desde a minha avó, eu sempre fiz questão que ela compreendesse, até educadores, a academia – pois pode ser um objeto de pesquisa – e outros”, destacou Arthur da Costa.
Para a disseminação de seu trabalho, escolheu o instagram, rede social que teve grande destaque durante o período de “Lock-down”, e que segue firme na pandemia.
Na rede social ele fala sobre história, memória e Santa Bárbara, no sentido de pertencimento e identidade, além de casos da cidade.
“A ideia principal deste instagram é, justamente, continuar trabalhando com interpretação. Principalmente para que as pessoas deem continuidade a isso. Suponhamos que alguém tenha alguma curiosidade sobre a cidade e queira compartilhar com mais pessoas, então ela pode usar a rede social como um porta-voz”, conclui.
Às pessoas interessadas em conhecer melhor o trabalho desenvolvido por Arthur da Costa Ferreira podem conferir o Instagram dele. Além do mapa e da revista presentes no link (clique aqui).