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As primeiras movimentações nas pedras do tabuleiro da sucessão

Bolsonaro

A pesquisa Datafolha divulgada na semana atrasada mostra dados relevantes sobre a disputa para presidente da República. A conferir: Lula da Silva- 43%; Jair Bolsonaro- 26%; Sergio Moro-8%; Ciro Gomes-6%; João Doria-2%; André Janones- 2%; Simone Tebet- 1% e Felipe D´Avila- 1%.

  

E há impactante alteração em ralação ao levantamento de dezembro do ano passado. O ex-presidente Lula apresentou uma oscilação negativa de 5%. Já o presidente Bolsonaro subiu 4%. Essas variações aconteceram fora da margem de erro da pesquisa, que é de dois pontos para mais ou para menos. 

Os números – que não mentem jamais- revelam dois consistentes panoramas a seis meses da disputa do primeiro turno: o processo está indefinido. E mais: a fictícia terceira via – uma ilusão tropical – praticamente virou pó. Alguns sonhadores (ou delirantes) ainda imaginam poder navegar nesse surrealista mar alternativo. 

Mas uma situação ficou bastante clara nesse novo levantamento do instituto paulista: a ligeira ascensão de Bolsonaro. E note-se. Essa recuperação é absolutamente natural nessa altura do certame. E o motivo é óbvio: o capitão tem o poder discricionário do uso da máquina pública e da caneta Bic. Os pacotes de bondades distribuídos a granel começam a surtir efeito. Está claro. Os beneficiários do “Auxílio Brasil” são eleitores pragmáticos e usam o voto como instrumento de reconhecimento. 

Esse público não tem matiz ideológico. Vota no melhor “forra-bolso” que aparecer. A turma dos bolsas da vida já teve paixão irremediável por Lula (nos velhos tempos do Bolsa Família). Foi um amor eterno enquanto durou. Hoje, esse pessoal sonha diuturnamente com Jair. Então – em meio a esse segmento da população – o presidente simplesmente colhe o que plantou. Os índices do Datafolha ressaltam claramente a “inevitável” polarização.  

Já em Minas Gerais, aconteceu importante mexida no tabuleiro político das montanhas. A desincompatibilização do prefeito da capital foi atitude drástica e coloca a sucessão mineira em outro patamar. Alexandre Kalil fez uma aposta de alto risco, mas devidamente calculada.  

Minas será o principal reflexo da dualidade ideológica nacional. E o quadro agora aponta para a seguinte configuração: Kalil desfilará de braços dados com Lula, enquanto Romeu Zema se transformará em gêmeo univitelino de Bolsonaro. E a tendência é de acirramento. O cenário, até ontem, mostrava Zema nadando de braçadas, em todas as regiões do estado. Esse favoritismo tende a cair com o passar do tempo. 

Mas aquela verdade histórica não pode ser ignorada: o governador também tem nas mãos a máquina da infraestrutura e a caneta Bic. Então – como se diz por essas bandas de gigantescas montanhas (as alterosas) – “o bicho vai pegar”.

PS1: Presidente, governadores e prefeitos não precisam se afastar do cargo para disputar uma reeleição. E tomem máquina e caneta Bic para capturar votos. Só há uma solução para esse exotismo institucional: ou acaba-se com o instituto da reeleição ou o chefe do Executivo deveria entregar o cargo para o vice (ou pra quem de direito), pelo menos a seis meses do pleito.

PS 2: O ex-juiz Sergio Moro desistiu da candidatura à presidência da república. Consequência: nenhuma. Nada mudou. O cônjuge da “conje” patinava nas pesquisas.

PS2: O senador Carlos Viana trocou o MDB pelo o PL (partido de Jair Bolsonaro) para concorrer ao governo de Minas. E o que muda? Nada. A polarização Zema x Kalil continua de pé. E piora a situação do governador, que não poderá contar com o apoio ostensivo do presidente, principalmente no primeiro turno.

Fernando Silva é jornalista e escreve sobre política em DeFato Online.

O conteúdo expresso é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato

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