Em 1990, George Michael lançava “Listen without Prejudice Vol.1”. Em seu segundo trabalho, cujo nome traduzido soa algo como “Ouça sem preconceito”, o cantor aconselhava aos fãs para que apreciassem o álbum de mente aberta, já que se tratava de uma abordagem muito diferente do antecessor, com pegada mais “pop”.
Trazendo o conselho de George Michael ao contexto atleticano, é hora de boa parte da torcida acompanhar o trabalho de Cuca sem rotulá-lo com base apenas no que esperávamos. Quando o retorno do treinador foi anunciado, a princípio torci o nariz, como boa parte da torcida. Duvidei da sua capacidade em fazer um elenco tão talentoso jogar bem, mas precisei aceitar a realidade.
Mesmo que o Galo não jogue um futebol de encher os olhos, tem sido competitivo em todos os torneios que participa/participou. Campeão mineiro, vice-colocado no Brasileirão, nas quartas da Libertadores (com direito à melhor colocação geral na fase de grupos) e com vaga encaminhada nas oitavas da Copa do Brasil, o Atlético-MG inicia agosto com boas perspectivas de algum título importante nesta temporada.
Ontem, o desafio era grande. Já não seria fácil enfrentar o Athletico-PR (com vários reservas, diga-se) em condições normais, mas a missão ficou ainda mais difícil sem a principal estrela em campo. Hulk foi desfalque por uma conjuntivite.
Porém, o Galo, sob a batuta de Cuquinha, venceu com autoridade e encostou no líder Palmeiras, apenas um ponto à frente na tabela. Mais: terminou outra partida sem ter a defesa vazada, o quarto jogo consecutivo sem levar gols.
A defesa tem sido o grande pilar do time de Cuca, algo até surpreendente se tratando de um elenco com muita vocação ofensiva. Além da sequência sem ter a rede vazada, já são dez jogos seguidos sem que o adversário marque mais de um gol contra a meta de Everson.
Isso não significa que tudo esteja perfeito. O Atlético ainda sofre para abrir defesas muito fechadas, embora tenha evoluído se comparado ao início da segunda passagem do treinador pelo clube.
Mas futebol também é processo, e precisamos reconhecer que o time de agosto já é muito melhor que o de março. Menosprezar o trabalho de Cuca com base no que achávamos que seria é injusto. Adaptando o conselho de George Michael, digo aos atleticanos: “enjoy without prejudice”.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
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