Em um futebol cada vez mais estudado e igual, apostar em uma estratégia diferente vira uma interessante saída. O Atlético-MG abriu vantagem na semifinal da Copa do Brasil diante do Vasco, com virada por 2 a 1, em cinco minutos, na Arena MRV, em Belo Horizonte, graças ao plano perfeito de Gabriel Milito. O treinador ousou com Guilherme Arana mais avançado e viu o lateral-esquerdo ser decisivo, com um gol e uma assistência para Paulinho desencantar e fazer valer a lei do ex.
No jogo de xadrez que se tornou a partida de ida da semifinal, o Atlético-MG saiu em desvantagem também surpreendido pela tática ousada do rival. Mas com movimentos precisos e Arana aparecendo no ataque com velocidade, a virada e a vantagem foi confirmada ainda na etapa inicial. A definição da vaga na final ocorre apenas no dia 19 de outubro e os técnicos terão um tempo para pensarem em como confirmar vantagem ou garantir reviravolta em São Januário, no Rio de Janeiro.
Envoltos em polêmica sobre mudança no dia do jogo de volta – a CBF adiou o segundo duelo para 19 de outubro – os times entraram em campo na Arena MRV com surpresas na escalação. Rubens, fazendo dobradinha com Arana pela esquerda, foi a novidade do argentino Gabriel Milito.
Já Rafael Paiva colocou Emerson Rodríguez ao lado de Vegetti no ataque – David sofreu grave lesão no joelho e só volta em até 10 meses – e também fez uma dobradinha pelo lado do campo, mas na direita, com Puma Rodríguez adiantado na ponta.
Ciente que jogar só para se defender em Belo Horizonte seria um risco, o Vasco surpreendeu nos minutos iniciais ao buscar o ataque. Sob orientações de Paiva para avançar, a equipe carioca atuava no campo ofensivo e atrapalhava os planos do Atlético-MG
Com Paulinho descansado após ser poupado diante do Palmeiras e Hulk disposto a colocar os mandantes em vantagem, os mineiros confiavam em uma blitze inicial. Mas demoraram a criar. O primeiro lance de perigo veio com sua dupla ofensiva. Paulinho puxou a marcação e o camisa 7 bateu cruzado, arrancando o “uh” da torcida. Dono de potência nas finalizações, o atacante não pegou como queria na bola.
Erro de um lado, aproveitamento do outro de quem tinha melhor postura. Após arrancada de Emerson Rodríguez no contragolpe, Philippe Coutinho recebeu na área, passou com habilidade pelo lateral Rubens e bateu com classe para abrir o marcador com 13 minutos.
O Atlético demorou a se encontrar. A torcida fazia sua parte com enorme gritaria de incentivo. Mas o time precisava de um respiro para entender a estratégia rival e como reagiria. As jogadas individuais viraram uma saída. Paulinho foi ligeiro sobre Maicon, mas parou em Léo Jardim. A pressão cresceu e o Vasco já não equilibrava as ações. Resultado: empate antes do intervalo.
Em linda troca de passes entre Hulk e Paulinho que começou com passe de letra, a bola chegou nos pés de Arana. O lateral da seleção brasileira escalado mais ao ataque surgiu de surpresa para finalizar no alto, indefensável. Lindo gol.
O trio voltou a ação para a virada. Hulk mandou para Arana cruzar na cabeça de Paulinho. Revelado pelo Vasco em 2017, o atacante se antecipou e, de cabeça, voltou a marcar após sete jogos de jejum ou 40 dias. Celebrou co sua tradicional “flechada “
O Vasco voltou do intervalo necessitando do empate e, ao mesmo tempo, sabendo que não poderia facilitar na marcação correndo riscos de ficar em maior desvantagem. Após erro no primeiro ataque, os cariocas viram a trama de primeira dos mineiros quase terminar em gol de Rubens. Léo Jardim defendeu.
Apesar do susto, o Vasco mostrou que a coragem seria sua estratégia na etapa. E o time seguiu na frente tentando a igualdade. Sforza mandou raspando. Satisfeito, o Atlético se armava para contra-atacar. Mas acabou perdendo seu diferencial, Guilherme Arana, acusando um problema muscular e se tornando problema para a seleção brasileira.
As lesões começaram a atrapalhar os técnicos e o Vasco perdeu Philippe Coutinho, com dores musculares na coxa direita. O meia estava inconformado com o problema e tapou o rosto de preocupação. O clube informou que foi apenas um cansaço.
Enfraquecido após perder, também, Lucas Piton, o Vasco tentava na base dos cruzamentos ao mesmo tempo em que seus homens de defesa sofriam para segurar Hulk, Paulinho e cia. Um desvio de Maicon evitou o gol do astro. Teve quem gritou gol com a bola na rede pelo lado de fora. Em etapa menos dinâmica, o placar não se alterou.
FICHA TÉCNICA – ATLÉTICO-MG 2 x 1 VASCO
ATLÉTICO-MG – Everson; Lyanco (Bruno Furchs), Battaglia e Junior Alonso; Gustavo Scarpa, Otávio, Alan Franco, Rubens (Mariano) e Guilherme Arana (Vargas); Paulinho (Cadu) e Hulk. Técnico: Gabriel Milito.
VASCO – Léo Jardim; Paulo Henrique, Maicon, Léo e Lucas Piton (Victor Luiz); Hugo Moura, Mateus Carvalho (Sforza), Puma Rodriguez (Alex Teixeira) e Philippe Coutinho (Payet); Vegetti e Emerson Rodríguez (Jean David). Técnico: Rafael Paiva.
GOLS – Philippe Coutinho, aos 13, Guilherme Arana, aos 38, e Paulinho, aos 43 minutos do primeiro tempo.
CARTÕES AMARELOS – Emerson Rodríguez e Mateus Carvalho (Vasco).
ÁRBITRO – Flávio Rodrigues de Souza (SP).
RENDA – R$ 4.273.649,29.
PÚBLICO – 42.039 presentes.
LOCAL – Arena MRV, em Belo Horizonte (MG).