Reportagem exibida pelo telejornal MG Record, da RecordTV, nesta semana, aponta que a barragem de Laranjeiras, da Vale, localizada em Barão de Cocais, tem uma trinca que chega a 7 metros de comprimento e 8 centímetros de largura. A matéria se baseou em um relatório da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), produzido logo após a estrutura que atende à mina de Brucutu, em São Gonçalo do Rio Abaixo, ser elevada ao nível 1 de risco de rompimento.
De acordo com o laudo, a fissura é irregular, com quatro intervalos com espessuras entre 10 e 15 cm e extensão de 20 a 25 cm. Ainda segundo a Feam, a trinca está em um degrau superior da estrutura, que é alteada a jusante, método considerado mais seguro e diferente do que foi adotado nas barragens de Fundão, em Mariana, e Córrego do Feijão, em Brumadinho, que se romperam.
A reportagem ainda cita que os estudos in loco foram acompanhados também pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Para monitorar a situação, os técnicos instalaram vergalhões e aplicaram uma solução de cal na fissura, além de usar prismas topográficos para monitorar o talude.
Para monitorar a evolução e extensão da fissura, de acordo com a matéria da Record, técnicos da empresa Advisian escavaram manualmente um orifício de 1,5 m de profundidade por 1 m de diâmetro. A Vale ainda rebaixou o nível d’água da barragem para reduzir os riscos e está investigando de forma mais detalhada a dimensão da fissura.
Conforme a Feam, “as leituras derivadas desses instrumentos ainda não haviam sido coletadas e analisadas pela equipe”.
Risco 1
Foi esse problema que levou a Vale a elevar o nível de risco da barragem de Laranjeiras. O procedimento foi adotado há 15 dias e, desde então, a mina de Brucutu funciona apenas com 40% de sua capacidade.
Quando comunicou a elevação do nível de risco, a Vale não detalhou os problemas detectados, apenas disse que a medida era necessária para “avaliações sobre as caraterísticas geotécnicas da barragem”. A empresa também sustenta que a estrutura tem declaração de estabilidade em vigor.
Vale lembrar que, de acordo com as definições técnicas da ANM, o nível 1 é considerado um estado de alerta e não demanda retirada de comunidades instaladas nas zonas de autossalvamento (ZAS).
Posicionamento
Em posicionamento encaminhado à RecordTV, a Vale sustentou que possui a declaração de estabilidade de Laranjeiras e que a disposição de rejeitos da mina de Brucutu estão suspensas enquanto são conduzidas avaliações sobre as características geotécnicas da barragem. A empresa ainda afirmou que “a situação está controlada e sendo tratada, com monitoramento sendo realizado 24h por dia”.
“A Vale tem feito reuniões periódicas com os órgãos competentes e informado a comunidade, além de manter equipe de Relacionamento com a Comunidade para prestar os esclarecimentos aos moradores”, diz outro trecho da nota.
Ainda segundo a mineradora, a barragem de Laranjeiras tem volume atual de 25,8 milhões de metros cúbicos de rejeitos, com capacidade para 53 milhões m³.