A tarde de terça-feira (21) foi bastante movimentada para o vereador Bernardo de Souza Rosa (Avante) — que retornou ao Legislativo após oito meses licenciado do cargo para compor a gestão Marco Antônio Lage (PSB). Em sua segunda reunião ordinária após reassumir as suas funções no parlamento, o ex-secretário de Governo cobrou dos servidores da Prefeitura de Itabira, principalmente os ocupantes de cargos comissionados, mais agilidade e disponibilidade para responder as demandas dos parlamentares; se posicionou a favor da construção de um presídio na cidade; pediu vista ao orçamento contábil da Casa do mês de janeiro; e usou a tribuna para comentar o Dia Mundial da Síndrome de Down.
Bernardo Rosa utilizou o momento final da reunião ordinária, conhecido como “Palavra Aberta”, para trazer o seu primeiro posicionamento oficial desde que retorno às atividades parlamentares. Nesse primeiro discurso, o vereador — que também já ocupou o cargo de vice-líder de governo no Legislativo — disse retornar à Câmara com um novo entendimento após a experiência no governo Marco Antônio Lage (PSB). “Se se você não pode mudar a situação mude sua perspectiva. Eu fiquei oito meses na Secretaria de Governo e tenho certeza que eu completei meu ciclo no Executivo tentando levar o melhor de mim e abdicando um pouco do meu mandato pra representar ainda mais a população junto ao prefeito. Encerrei meu ciclo com uma nova perspectiva do meu olhar”, disse.
O parlamentar seguiu dizendo que tem até o final de 2024 para exercer o seu mandato — e que até lá “muitos vão ter que me aturar”, sem citar nomes. Ele, ainda, deu um “puxão de orelha” e cobrou mais respeito dos membros do Executivo na hora de lidar com os parlamentares. “Eu deixo um recado muito grande, até para aquelas pessoas que são comissionadas. Quando eu me propus ser candidato a vereador, eu não vim aqui vender simpatia. Muito pelo contrário, eu vim aqui representar efetivamente o que a população deseja de um vereador. Até 31 de dezembro de 2024 muitos vão ter que me aturar porque, diferentemente de cargos comissionados, eu estou aqui eleito pelo povo e ninguém me tira isso; eu não posso ser exonerado e não posso ser demitido”, disparou.
“As pessoas têm que ter respeito por esta Casa Legislativa. Não pode tratar vereador como se fosse qualquer um. Muito pelo contrário, as pessoas têm que responder os vereadores. Quando a gente liga e pede informação, tenha pelo menos o respeito de falar sim ou não. É inadmissível que alguém que esteja em um cargo de livre nomeação não responda a um vereador, que representa a população de uma cidade. É essa nova perspectiva que eu venho e vou atuar aqui na na câmara”, completou.
Ao final da reunião desta terça-feira, o portal DeFato questionou ao vereador sobre a motivação do discurso e se há algum descontentamento com a gestão do prefeito Marco Antônio Lage. “Toda gestão pública, às vezes, tem que refletir sobre os atos que são realizados por ela. Eu acho que a Câmara de Vereadores é muito importante num contexto de gestão pública no sistema democrático e o vereador tem que ser ouvido. Temos uma representatividade muito grande da população aqui, então o diálogo tem que ser bem mais estreito do que está ocorrendo”, explicou.
“Acho que toda crítica tem que ser construtiva, então essa reflexão é isso: construção de uma gestão ainda melhor”, continuou. “As respostas tem que chegar com celeridade maior, senão o problema só vai aumentar. Então temos que conter a sangria antes que vire uma hemorragia. Não é decepção, é uma crítica e um novo olhar, numa nova perspectiva, pra que ele também saiba da realidade”, finalizou.
Presídio
Bernardo Rosa não endureceu o discurso apenas contra o tratamento que o Executivo dispensa ao Legislativo. Ele também se posicionou de maneira firme em defesa da construção de um presídio em Itabira. Desde a desativação da antiga unidade prisional na cidade, em 2019, o vereador é um defensor de um novo centro. E reafirmou essa postura nesta terça-feira.
“A partir de semana que vem vou visitar todos os presídios onde estão os presos de Itabira. Para ver a realidade e trazer para a gestão pública municipal essa realidade vivenciada por cada preso. Não estou passando a mão na cabeça de quem está preso. Cada um vai responder, sim, pelo crime que cometeu contra a sociedade. Mas o importante é que a pessoa que está presa tem que sair melhor do que entrou — ela não pode sair pior. E a lei de execução penal fala que o cidadão tem que cumprir a pena próximo à sua família. E essa luta para que o presídio volte a Itabira ela nunca parou”, afirmou Bernardo Rosa.
Logo no início do seu governo, ainda em 2021, Marco Antônio Lage perdeu o prazo para confirmar a construção do novo presídio em Itabira. Desde então, não há uma solução sobre a questão, apesar de diversas entidades ligadas à segurança pública terem se manifestado a favor da unidade prisional — a exemplo do Conselho da Comunidade na Execução Penal, da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), dentre outras.
“O presídio é uma luta na qual estou desde 2019, na construção de uma narrativa e de um entendimento que é diferente do entendimento do Marco Antônio Lage — e ele sabe disso. Eu não vou parar e não vou arrefecer. Vou continuar na minha luta e se tiver que 0propor uma ação civil pública para a construção [do presídio], nós iremos ver quem tem a competência de propor — e nós iremos solicitar depois de todas as ações”, contou Bernardo Rosa.
Pedido de vista
Durante a sessão plenária, Bernardo Rosa foi o responsável por pedir vista ao projeto de resolução 06/2023, que trata dos relatórios contábeis do legislativo do mês de janeiro deste ano — o primeiro da gestão Heraldo Noronha Rodrigues (PTB) à frente da Casa. “Voltei para a Câmara na semana passada, então eu não acompanhei esses orçamentos e as despesas e receitas dos meses anteriores. Então pedi vista só para me inteirar mais ainda do que se passou aqui na Casa”, explicou.
Tribuna
Esta terça-feira é celebrado o Dia Mundial da Síndrome de Down. Em alusão à data, Bernardo Rosa usou a tribuna do Legislativo itabirano. Em seu discurso, o vereador destacou a importância da inclusão e do acolhimento das pessoas com essa condição. Ele também ressaltou o trabalho que a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) realiza em Itabira.