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Bloco “Barriguinha encontra Sô Rodrigo” promete irreverência e tradição no Carnaval de Itabira

Bloco "Barriguinha encontra Sô Rodrigo" promete irreverência e tradição no Carnaval de Itabira

Foto: Divulgação

O Carnaval de Itabira será marcado mais uma vez pela animação do bloco “Barriguinha encontra Sô Rodrigo”, que pelo segundo ano consecutivo integra a programação oficial da folia da cidade, promovida pela Prefeitura Municipal, por meio da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA). A festa acontecerá no dia 1º de março, no bairro Areão, e promete uma mistura de tradição, humor e muita música.

O cortejo do bloco será embalado por músicos tocando marchinhas carnavalescas, além de apresentações de cantores, DJs e a presença de um carro alegórico. Para completar a folia, barraquinhas de comidas e bebidas estarão disponíveis para o público.

O “Barriguinha encontra Sô Rodrigo” também se destaca pelo tom irreverente e bem-humorado. A organização do bloco criou personagens icônicos como um fofoqueiro, um corno e uma quenga, que fazem parte do enredo festivo. No entanto, apenas o fofoqueiro é unanimidade, enquanto os outros dois ainda estão sob investigação da “polícia do bloco”. Quem tiver pistas pode enviar ao grupo, garantindo total “falta de sigilo”, segundo os organizadores.

Foto: Divulgação

Com o lema “Quem sugere é quem faz”, o bloco mantém uma filosofia de participação ativa dos foliões. Sugestões são sempre bem-vindas, desde que o próprio proponente esteja disposto a executá-las. Além do Carnaval, o grupo se mantém unido ao longo do ano por meio de uma roda de conversa online, onde compartilham histórias reais e fictícias sobre os integrantes.

E para quem gosta de boas histórias, o portal DeFato Online publica, em primeira mão, um dos muitos causos do bloco: O Psicotécnico. Confira abaixo:

Trabalhar no Banco do Brasil é um sonho para muitos e era o sonho desta moça que havia sido gerente de vários bancos, mas faltava o Banco do Brasil.  Decidiu que o sonho ia se realizar após a saída de um grande banco. Estuda que estuda, presta um concurso, presta outro e, finalmente, passa no almejado concurso do Banco do Brasil.

Aguarda pacientemente sua chamada na ordem de classificação, faz exames médicos e eis que chega o dia do psicotécnico.

– Bom dia! Seja bem-vinda! Queremos você no Banco do Brasil! Qual o seu nome completo?

– Não troquei o nome na minha identidade …

– Qual o seu nome?

– Madalena Fernandes Ribeiro.

– Não é este nome! Qual sua data de aniversário?

– 04/08.

– Não é esta data. Qual seu signo?

– Senhor, eu gostaria de …

– Senhora, qual é o seu signo?

– Leão, mas eu…

– É Touro!

– Não, Touro não! Meu signo é Leão com ascendente em Câncer. Consultei numerólogos, astrólogos, terapeutas holísticos, videntes, ciganas e até um anão. Disto não abro mão! Não se brinca com o ascendente

– Qual o nome do seu pai?

– Antônio, mas eu quero esclarecer que …

– Está sem o nome do pai. Sabes o nome de sua mãe?

– Lógico que sei. O nome de minha mãe é D. Maria – Maria Fernandes. Espera, é Conceição Guimarães. De Guimarães Rosa.

– Resposta errada!

Procurou uma amiga de horas inglórias para o moderno método da ciência ou, se melhor fosse, o método do Sherlock do Cerrado, também, conhecido como fofoca da vida alheia. Começa-se a investigação.

Madalena nasceu em zona rural, nos rincões do Cerrado, filha de pai desconhecido que namorou a sua mãe secretamente. Esta era uma ponta do iceberg.

Veio ao mundo no mês de agosto, contudo, coube–lhe o direito ao registro em abril do ano seguinte quando um amigo levou sua mãe ao cartório, que registrou a criança com a data de chegada… ao cartório. Naqueles tempos importava a data de registro e era muita sorte se esta coincidisse com a data de nascimento.

A data registrada ficou 30/04, o que lhe dava o direito ao signo de Touro.

Do outro lado da ponta do iceberg mineiro havia D. Maria Fernandes, senhora da cidade, mãe de seis filhos, que resolveu “tomar para criar” aquela criança miúda do sertão. Madalena ganhou seis irmãos e foi criada como filha adotiva. Assim, um dos irmãos – Antônio – tornou-se o amigo com o qual tinha muita afinidade e gosto pelas leituras, sua esposa a tratava  como cunhada e seus outros cinco irmãos deram-lhe muitas sobrinhas e sobrinhos. Nesta ocasião, chamava-se Maria Madalena Ribeiro Guimarães.

Estudou, tornou-se mulher, apaixonou-se e casou-se assumindo o nome Maria Madalena Guimarães Ferreira. Depois de um casamento feliz e três filhos, separou-se por motivos que merecem outro conto e veio a tornar-se Maria Madalena Ribeiro Guimarães novamente. Morava na capital   e trabalhava em um importante Banco.

Madalena chamava D. Maria de mãe e Antônio de irmão. De boato em boato, começou-se a perceber que Antônio Fernandes poderia ser o pai biológico e Dona Maria Fernandes a avó. Pensando bem, a avó Maria, espertamente, não deixou a neta na zona rural e a tomou por filha sem complicar o casamento do Antônio. Tempos mais modernos, DNA feito e Bingo! O irmão virou pai e a mãe virou avó, os outros cinco irmãos viraram tios e os inúmeros sobrinhos viraram primos. A mãe biológica continuou sendo mãe biológica. Continuava pai desconhecido e mãe Conceição na identidade.

Pois é meu amigo, isto mesmo, o pai era Antônio Fernandes, o irmão de coração.

Mais uma mudança de nome com a paternidade reconhecida para acrescentar o Fernandes.

 Apaixonou-se novamente, casou-se e dizia-se Maria Madalena Ribeiro Guimarães Fernandes da Silva, mais uma mudança de nome.

– Então a sua sobrinha Altamira é sua prima?

– Isto!

Fatos descobertos, voltemos ao psicotécnico inicial:

– Quem fez a prova do concurso em seu lugar? Uma pessoa que não sabe o próprio nome, não sabe a data de seu nascimento e não sabe o nome dos seus pais não deveria andar desacompanhada pelas ruas.

O sonho de anos esvaindo-se como gordura na churrasqueira!

Entra no recinto um outro reprovado no psicotécnico e lhe diz:

– Entre com recurso. Vão te aplicar um novo teste e você terá tempo para estudar as respostas.

Autora do conto “O Psicotécnico”: Magda Barcelos Gomes  (baseado em estórias do “Bloco Barriguinha encontra Sô Rodrigo”).

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