Bolsonaro pede a Lula e Moraes anistia para si e os presos de 8 de janeiro

O ex-presidente acredita que a medida pacificaria o Brasil e deixaria para trás os conflitos que envolvem sua investigação pela PF (Polícia Federal)

Bolsonaro pede a Lula e Moraes anistia para si e os presos de 8 de janeiro
Foto: Foto: Isac Nóbrega/PR/Flickr

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em entrevista ao programa Oeste Sem Filtro, nesta quinta-feira (28), sugeriu um acordo entre o STF (Supremo Tribunal Federal) e o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por uma anistia para si e para os presos do 8 de janeiro.

Bolsonaro acredita que a medida pacificaria o Brasil e deixaria para trás os conflitos que envolvem sua investigação pela PF (Polícia Federal).

“Para nós pacificarmos o Brasil, alguém tem que ceder. Quem tem que ceder? O senhor Alexandre de Moraes. Se tivesse uma palavra do Lula ou do Moraes no tocante à anistia, estava tudo resolvido”.

O assunto passou a ter mais destaque entre os bolsonaristas a partir do avanço das investigações que sugerem participação ativa do ex-presidente e outros 36 aliados em uma trama no intuito de impedir a posse de Lula e se manter no poder no final de 2022, que incluía o seu assassinato e do ministro Alexandre de Moraes, à época, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Ao retornar de Alagoas na segunda-feira (25), ainda no aeroporto, Bolsonaro afirmou não ter participado na armação golpista e que o relatório da PF que o aponta como um dos líderes da organização que planejou o golpe de Estado em 2022 é uma “peça de ficção”. 

“É mais uma peça de ficção. Falar de golpe de Estado com general da reserva, 4 oficiais e um agente da PF é outra piada. E como um todo, não tem prova de absolutamente nada. Eles não querem pegar o Braga Netto, o Heleno, eles querem pegar eu mesmo. Acham que eu sou o mal, o grande mal da democracia”.

Indagado sobre a possibilidade de sua prisão, o ex-presidente admitiu ter receio de ser preso. Ainda nesta semana, ele não descartou a possibilidade de buscar refúgio em alguma embaixada caso haja esse risco.

Bolsonaro disse que sua equipe de advogados concluiu a leitura de quase 900 páginas do relatório na quarta-feira (27).

O documento foi divulgado na terça-feira (26) pelo ministro Alexandre de Moraes.

“Eu tenho uma boa equipe de advogados, que eu posso pagar graças ao Pix que as pessoas doaram para mim há um ano e pouco atrás, e eles correram com a leitura desse relatório. Terminaram ontem, e deram uma primeira impressão para mim.”

Bolsonaro afirmou que é acusado de dar golpe desde 2019, quando assumiu a presidência da República.

“O problema que eu vejo que ocasionei é que a gente foi tapando o ralo. Quando você fecha o ralo, por exemplo, na ponte de Santos, que dá um prejuízo de R$ 500 milhões por ano, e passou a dar lucro de R$ 500, esse 1 bilhão ia para o bolso de algumas pessoas. Assim você pegava Correios, pegava Itaipu Binacional, pegava ministérios, obras. Você não viu corrupção no nosso governo. Atrapalhou gente importante, que vivia de recursos públicos”.

Relatório da PF divulgado na terça-feira (26), revela que Bolsonaro propagava informações falsas sobre o sistema eleitoral, além de tentar cooptar as Forças Armadas e tinha ciência de todos os passos do plano coordenado por assessores, militares e integrantes do governo, visando a execução do presidente Lula, seu vice-presidente, Geraldo Alckimin e posteriormente, a prisão e execução do ministro Alexandre de Moraes.

36 pessoas foram indiciadas, entre elas:

*general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e Casa Civil

*Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional

*Anderson Torres, ex-ministro da Justiça

*Valdemar Costa Neto, presidente do PL

*Alexandre Ramagem (PL), ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

O Projeto de Lei da Anistia começou a ganhar força na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), com base maior de aliados do ex-presidente, mas teve a tramitação atrasada pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que não quis envolver o tema na disputa pela sua sucessão. A gestão de Lira vai até o mês de fevereiro de 2025, e ele pretende resolver a questão ainda em seu mandato. 

* Fonte: Poder360