O reajuste da tarifa de ônibus em Itabira está sem um consenso entre aqueles que podem decidir o assunto. A empresa que detém a concessão do transporte coletivo na cidade, a Transportes Cisne, quer 22,19% de reajuste na tarifa, passando o valor atual de R$ 3,65 para R$ 4,46. O pedido da empresa foi avaliado pela Superintendência de Transportes e Trânsito (Transita), da qual a Cisne é subordinada, e a seção refez as contas, a partir das planilhas de custo da concessionária. Nessa quarta-feira, 7 de março, foi divulgado o valor recalculado pela Transita: a seção propõe R$ 4,26, um aumento de 16,71% em relação à tarifa atual.
A questão foi tema do Conselho Municipal de Transportes e Trânsito (CMTT), que se reuniu nessa quarta-feira na sede da Transita, no bairro Pará. No entanto, a reunião se limitou à leitura dos relatórios. Sem conhecimento técnico, muitos conselheiros se sentem despreparados para deliberar o assunto. Dessa forma, o conselho agendou, para o próximo dia 22 de março, às 14h, um encontro para esclarecimentos técnicos, ou seja, que sejam explicados pelos órgãos as fórmulas e o porquê dos valores fechados.
Somente após o encontro do dia 22, o CMTT votará, em reunião ordinária ou extraordinária, se aprova ou não a proposta de aumento da passagem. Se aprovado, ainda não será o fim das discussões. Quem baterá o martelo será o prefeito de Itabira, Ronaldo Lage Magalhães (PTB).
“A partir da solicitação da empresa, do posicionamento da Transita, e do posicionamento do Conselho, o prefeito tem um subsídio para sentar com a empresa e negociar. Não significa que o prefeito dará o que a Cisne pediu, ou o que a Transita detectou, ou ainda do que o Conselho deliberou”, observou Jairo da Silva Ferreira, presidente do CMTT.
Discussões
A posição sobre o reajuste da tarifa está dividida no Conselho. O representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Antônio Carlos Martins, disse ontem que à época em que foram decididas as planilhas de cálculo da tarifa, há mais de 10 anos, a realidade econômica de Itabira era outra e mais promissora. “Dessa forma, hoje, irá se tornar insustentável o transporte coletivo na cidade”, destacou.
Antônio Martins defendeu que os envolvidos busquem uma solução “menos onerosa” aos usuários. “Não podemos ‘estrangular’ a prestação do serviço, mas, também, não podemos ‘estrangular’ o usuário. Precisamos de um meio termo”, continuou.
O gerente-geral da Transportes Cisne, Albino José Pinheiro, que também tem cadeira no conselho, desfiou o rosário sobre as necessidades da empresa. Ele alegou desequilíbrio econômico no contrato, falou sobre recomposição de perdas sofridas nos gastos da Cisne e outros. Albino alertou que se o assunto demorar a ser resolvido, a Cisne pode ter que apresentar um novo pedido de tarifa. “Desde que a planilha foi apresentada, houve três aumentos de óleo diesel, por exemplo”, se queixou.