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Califórnia pretende pagar US$ 233.000 a cada descendente de escravos africanos

Que país é esse?

Alírio de Oliveira, colunista DeFato - Foto: Arquivo/Pessoal

Não pude ignorar essa notícia estampada no site PanAm Post. A reportagem é de Mamela Fiallo Flor, professora universitária, tradutora e colunista. A decisão do mais rico estado norte-americano me induziu a imaginar que essa ideia pudesse ser implantada no Brasil, “indenizando” familiares que tiveram seus antepassados escravizados nesse sagrado solo.

Ocorreu-me que, se o Brasil deixasse de “indenizar” os Chico Buarque, Gil, José Dirceu, Genoíno, Lula, Mirian Leitão, Dilma Roussef, Fernando Henrique Cardoso, Caetano Veloso e outras dezenas de figurinhas carimbadas (algumas que se auto exilaram), certamente sobraria dinheiro bastante para que se aplicasse aqui o que pretende fazer o governo californiano.

Nos Estados Unidos, a igualdade perante a lei poderia ficar sepultada por meio de  uma norma de “reparação histórica”. Em total desacordo com o sistema processual, que impede a “justiça retroativa” (que se pratica no Brasil), a Califórnia pretende pagar 233.000 dólares a cada descendente de escravos africanos.

Cada residente negro qualificado como descendente de escravos afroamericanos, segundo informe de uma consultoria, poderia ser beneficiado por essa medida. No total, o estado destinaria US$ 569 milhões de dólares, o que passaria à história como o maior gasto em “restituição” dos EUA.

Esse valor é mais que o pressuposto 512 milhões de dólares da Califórnia em 2021, que incluiu fundos de hospitais, escolas, universidades, estradas, vigilância e correlatos.

Apenas 6.5% da população do estado seria beneficiada, daqueles que se identificam como de raça negra.

Se bem que a medida alega combater o racismo, na prática o fomenta.

Primeiro porque promove leis diferenciadas e segundo porque sugere escolas segregadas. Isso implicaria num retrocesso de meio século na história do país.

Assim recomendou o painel a cargo da implementação da lei firmada pelo governador democrata Gavin Newsom, em uma votação com número final de 5X4 do Grupo de Trabalhos e Reparações da Califórnia, por parte de uma mesa majoritariamente negra.

Neste caso, um plano étnico racial retrata o negro como oprimido e o branco como opressor.

Lembrando que, a escravidão na Califórnia era proibida desde 1850, e que o estado foi incorporado à União Americana como um estado libre.

Até o momento, há um apoio maciço em devolver propriedades injustamente tomadas aos negros,

O caso que mais se destacou foi em Bruce’s Beach. A propriedade foi devolvida aos herdeiros de uma parceira que teve o imóvel arrebatado em 1920.

Esta nova reforma, com que o estado da Califórnia pretende pagar 233.000 dólares a cada descendente de escravos, não haverá de destruir o sonho americano.

Assim mesmo, destroça o anseio do pastor Martin Luther King Jr., que sonhava com que um dia seus filhos poderiam ser julgados não por sua cor de pele, mas sim pelo conteúdo do seu caráter.

Para Mamela, essa decisão, se tomada, pretende exacerbar o aspecto racial, ao ponto de que a cor da pele definiria um subsídio estatal.

Talves lá, nos Estados Unidos, possa haver essa conotação de ampliação do racismo, mas quem sabe, no Brasil essa proposta seja aceita com menor trauma?

Afinal, “indenizar” aqueles que de fato foram os oprimidos no país seria mais que justo!

Diferentemente de outra situação!

Alírio de Oliveira é jornalista e escreve sobre política em DeFato Online.

O conteúdo expresso é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.

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