A divulgação de um relatório nos Estados Unidos no fim de maio, com a informação de que a Vale teria dado conta da exaustão das minas de Itabira em 10 anos, voltou a ressoar na Câmara de Vereadores. Em reunião na tarde dessa terça-feira, 12 de junho, o vereador André Viana (Podemos) usou a tribuna, levantando a questão que tem causado apreensão entre a comunidade itabirana. Ele propôs um requerimento convidando o presidente da mineradora, Fabio Schvartsman, a comparecer ao Legislativo para explicar a reta final da extração mineral no município.
O parlamentar propôs uma audiência pública sobre o assunto no dia 3 de julho para a discussão do tema e divulgou números do faturamento bilionário da mineradora. André demonstrou interesse em discutir com a Vale a performance da empresa para os próximos anos e possibilidades de contrapartida de sustentabilidade ao município. “Estamos com um discurso de socorro emergencial para Itabira. O discurso é: faça enquanto ainda é tempo”, bradou.
Ele comentou que a Interassociação dos Amigos de Bairros de Itabira já se mobiliza a fim de encontrar soluções para Itabira num cenário de possível fechamento das minas na cidade. “A validade desta empresa [Vale] está terminando em Itabira. Nós não podemos deixar para discutir isso em 2028. (…) Eu estou muito, muito impetrado a discutir a questão da Vale em Itabira. Nós precisamos urgentemente discutir a atuação da Vale em Itabira”, deu ênfase. O vereador trabalha na empresa há 15 anos.
Unifei
Entre seus argumentos, Viana citou a Universidade Federal de Itajubá (Unifei Itabira), e a necessidade de o reitor Dagoberto Alves de Almeida e o diretor José Eugênio Lopes comparecerem à audiência para esclarecerem sobre a pactuação entre Vale, município e Unifei. O vereador questionou a mineradora, alegando que o que ela fatura com suas operações é suficiente para terminar a Unifei e construir o Parque Tecnológico e Científico de Itabira.
O vereador e presidente do Sindicato Metabase, Paulo Soares de Souza (PRB), também expôs alguns números da Vale: o PIB somente das minas de Itabira equivale a R$ 4,5 bilhões; produção de 41 milhões/toneladas de minério de ferro; lucro de R$ 1,3 bilhão; ativos de 12 bilhões de dólares. Baseado nisso, ele afirmou que se deve cobrar condicionantes mais rígidas em contrapartida às operações em Itabira. O republicano, no entanto, criticou os discursos que, nas palavras dele, incitam a falta de esperança ao itabirano.
Outros parlamentares, como Rodrigo Alexandre de Assis Silva, Diguerê (PRTB), destacaram a importância de se firmar parcerias audaciosas com a empresa em busca da consolidação econômica de Itabira enquanto ainda há tempo. O presidente da Câmara, Neidson Dias Freitas (PP), pediu “calma” aos colegas e afirmou que a cidade não vai acabar. “Não podemos transformar uma informação em caos. Não podemos, sem dados concretos, levar o pânico à comunidade”, ponderou.