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Caramujos Africanos infestam bairros de Itabira

Itabira vive uma infestação de caramujos africanos, praga em todo país e responsável pela transmissão de doenças como a meningite eosinofílica e a estrongiloidíase. O bairro Caminho Novo é o local com maior incidência do molusco na cidade, que também aparece em grande quantidade nos bairros Major Lage de Baixo, Barreiro, Jardim dos Ipês e Gabiroba. Segundo a Prefeitura, os caramujos já vêm sendo combatidos no Caminho Novo e a partir de segunda-feira (23) os agentes de combate a endemias (ACE’s) intensificarão a ação de combate pela cidade.

A DeFato já havia alertado sobre a infestação dos caramujos em João Monlevade, recebendo relatos semelhantes de infestações dos moluscos em vários bairros de Itabira. Após pré-apuração da pauta, a Redação buscou contato com a Prefeitura de Itabira na última sexta-feira (13), na segunda-feira (16), terça-feira (17) e na manhã de hoje (18). Na tarde desta quarta-feira, a Prefeitura enviou um release à imprensa, informando sobre o combate aos caramujos na cidade. 

Thiago Augusto, residente na Rua dos Professores, no bairro Gabiroba, foi um dos moradores que nos enviou registros sobre as infestações dos caramujos. Segundo o rapaz, os caramujos começaram a aparecer em uma área verde da Prefeitura, ao lado de sua casa, há cerca de 5 ou 6 meses. Com o período chuvoso, os caramujos vêm se multiplicando e aumentando de tamanho, chegando até 10 centímetros. 

Thiago comenta que próximo ao lote, vivem o seu irmão, a esposa grávida de 4 meses e uma criança de 4 anos. Como os caramujos são mais ativos à noite e nas primeiras horas do dia, os moluscos tomam conta do local: ‘‘A noite não dá nem para andar direito’’.

Segundo o comunicado, a partir de segunda-feira (23), os agentes de combate a endemias (ACE’s) intensificarão a ação de combate, orientando moradores e coletando material in loco. A ação já acontece, inicialmente, no bairro Caminho Novo. Em seguida, o trabalho será realizado no Parque de Exposições e nos bairros Gabiroba e Jardim dos Ipês, onde também há aparições do vetor.

Conheça o caramujo africano e saiba como proceder em caso de infestação do molusco no seu quintal

O Achatina fulica, nome científico do molusco, é nativo da África Oriental e não tem predador natural no Brasil. Ele se prolifera em ambientes quentes, úmidos e com sombra. Terrenos abandonados e quintais das residências são o habitat ideal para a reprodução desses bichos, que também podem ser encontrados em jardins e hortas, dificultando assim a eliminação da praga.

“O caramujo africano libera em torno de 10 a 400 ovos de uma vez, além de transmitir doenças como a meningite eosinofílica e a estrongiloidíase. A infecção ocorre principalmente quando há ingestão do muco que o caramujo libera”, explicou o Diretor de Controle de Zoonoses do município, Gustavo Pinho.

A orientação é que o caramujo seja coletado por um adulto, protegendo as mãos com luva impermeável ou sacola plástica e utilizando calçado fechado para minimizar os riscos de contaminação. O molusco deve ser colocado em um galão ou outro recipiente que possa ser vedado e então acrescentar sal grosso ou refinado para desidratá-lo e, consequentemente, levá-lo à morte.

“É muito importante jogar o sal apenas depois de aprisionar o caramujo no galão ou outro recipiente, pois o molusco pode liberar os ovos no ambiente quando em contato com o produto. As luvas utilizadas também devem ser descartadas em um saco separado exclusivamente para elas”, ressalta Gustavo Pinho.

Ainda assim, após a eliminação do caramujo o trabalho não termina, pois ele pode ter depositado seus ovos na terra, tornando sua presença persistente no ambiente. Outro ponto importante para o descarte correto das carcaças de caramujos é a possibilidade de acúmulo de água nas conchas, criando risco de foco do mosquito transmissor da Dengue, Zika e Chikungunya.

Todos os galões e sacos plásticos contendo as carcaças dos caramujos serão coletados pela equipe de Agentes de Combates a Endemias, da Diretoria de Zoonoses, quinzenalmente. Em caso de dúvida, a população pode entrar em contato com o setor pelo telefone (31) 3839-2643.

Saiba mais

Como o caramujo africano pode ser encontrado em hortas, é muito importante que as hortaliças sejam bem lavadas para retirar e evitar a ingestão do muco liberado pelo molusco. Este material biológico pode estar contaminado pelo parasita Angiostrongylus, causador da meningite eosinofílica. A doença tem evolução benigna, com sintomas que podem durar de dias a meses como distúrbios visuais, dor de cabeça forte e persistente, febre alta, e sensação de formigamento, queimação e pressão na pele, rigidez na nuca.

Já a estrongiloidíase é causada pelo verme Strongyloides stercoralis, que pode penetrar na pele do ser humano, atingindo os pulmões, traqueia e epiglote, e migrar para o sistema digestivo, tornando-se parasita do intestino. Os sintomas mais comuns são tosse seca, dispneia ou broncoespasmo, edema pulmonar, diarréia, dor abdominal, podendo ser acompanhada por anorexia, náusea, vômitos e dor epigástrica. Em sua forma grave, a estrongiloidíase apresenta os mesmos sintomas e, raramente, hemoptise e angústia respiratória. Quando não tratada, pode levar à morte.

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