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Carta dos bispos do Brasil ao povo brasileiro

Carta dos bispos do Brasil ao povo brasileiro

Conferência da CNBB em 2023 - Foto: Victória Holzbach/CNBB Sul 3

Na 60ª Assembleia dos Bispos brasileiros, que aconteceu de 19 a 28 de abril de 2023, foram eleitos os novos membros da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB): Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (Rio Grande do Sul) e presidente da CNBB; Dom João Justino de Medeiros Silva, arcebispo de Goiânia (Goiás) e 1º vice-presidente; Dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, bispo de Garanhuns (Pernambuco) e 2° Vice Presidente; e Dom Ricardo Hoepers, bispo de Rio Grande (Rio Grande do Sul) e secretário-geral. Eles ocuparão os cargos entre 2023 a 2027.

Dom Jaime Spengler, novo presidente da CNBB, ressaltou que “cada Assembleia Geral é um Pentecoste, é uma experiência muito bonita de fraternidade, de comunhão entre nós; e disposição para servir da melhor forma possível a igreja que está no Brasil e ao nosso povo, a nossa gente”.

Ao final da 60ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, foi aprovada uma carta, “Mensagem da CNBB ao Povo Brasileiro”, em que os bispos renovaram a “opção radical e incondicional com a defesa integral da vida que se manifesta em cada ser humano e em toda a criação. A renovação desse compromisso com a vida dá-se num tempo marcado por grandes desafios. Esses desafios longe de nos desanimarem, estimulam a Igreja na promoção do Reino de Deus. Nossas comunidades estão respondendo, com solidariedade fraterna, às consequências das tragédias socioambientais; com compromisso cidadão na defesa da democracia e, com responsabilidade social, ao drama da fome que nos assola. Com alegria, reconhecemos que esse é o autêntico e eficaz testemunho de que o mundo necessita. Vemos isto à luz da Palavra de Deus, pois não temos ouro nem prata, mas trazemos o que de mais precioso nos foi dado: Jesus Cristo ressuscitado” (cf. Atos 3,6).

Os bispos ressaltaram a preocupação perante aos conflitos, de modo especial a guerra: “além do flagelo das guerras, muitas outras situações nos preocupam, como os autoritarismos, as polarizações, as desinformações, as desigualdades estruturais, o racismo, os preconceitos, a corrupção, a banalização do mal e das vidas, as doenças, a drogadição, o tráfico de drogas e pessoas, o analfabetismo, as migrações forçadas, as juventudes com poucas oportunidades, as violências em todas as suas dimensões, o feminicídio, a precarização do trabalho e da renda, as agressões desmedidas à “casa comum”, aos povos originários e comunidades tradicionais, a mineração predatória, entre tantas outras, que fragilizam o tecido social e tencionam as relações humanas”.

Os participantes fizeram alusão aos trabalhadores e às trabalhadoras. Eles usaram as palavras do Papa Francisco: “O mundo do trabalho é prioridade humana, é prioridade cristã, a partir de Jesus trabalhador. Onde há um trabalhador, ali há o olhar do amor do Senhor e da Igreja. Lugares de trabalho são lugares do povo de Deus” (Encontro com Trabalhadores em Gênova, Itália, 2017).

Diante das mudanças do mundo do trabalho, percebemos que promessas de crescimento econômico, geração de empregos, melhores condições de trabalho, aumento de renda, redução da carga horária, mais tempo de descanso e convivência social, enfim, condições mais saudáveis de vida, continuam sendo desafios sem soluções. A crescente informalidade das relações trabalhistas reduz a segurança social e impede o acesso ao mínimo usado para a sobrevivência das pessoas. O trabalho análogo à escravidão, presente em todo o território nacional, é uma chaga social que precisa ser energicamente combatida pelos poderes constituídos e por toda a sociedade.

Os bispos criticam os juros altos realizados no Brasil e o descaso com os Indígenas. Eles, ainda fizeram um pedido ao Povo Brasileiro: “conclamamos toda a sociedade brasileira para construir um amplo projeto de reconciliação e pacificação, a partir de um diálogo franco e aberto, que possibilite superar o que nos afasta e com o objetivo de assegurar o que nos une: o país, o seu povo e a criação”.

Clique aqui e leia a íntegra da carta.

Padre Hideraldo Verissimo Vieira é pároco na Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida – João XXIII – Itabira e licenciado em Filosofia – UFJF, com especialização em Ensino Religioso – PUC Minas.

O conteúdo expresso é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.

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