O julgamento de Guilherme Longo e Natália Ponte, acusados de assassinar Joaquim Ponte Marques, de 3 anos, em 2013, começa nesta segunda-feira (16), em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Diabética, a criança era filha de Natália e enteada de Guilherme, e teria morrido com a aplicação de uma dose excessiva de insulina, substância usada para tratar a doença. O corpo do menino ainda teria sido jogado em um córrego, segundo as investigações.
Os dois suspeitos negaram autoria do crime em depoimentos dados à Justiça, em 2015. As declarações foram obtidas pelo “Fantástico”, da TV Globo, e veiculadas no domingo (15). A mãe e o padrasto, que vão a júri popular, alegam que Guilherme Longo sofria com o vício de cocaína e que a criança teria sumido de casa enquanto os dois dormiam.
O padrasto, acusado pelo Ministério Público de aplicar a dose de insulina e de ter tentado ocultar o corpo de Joaquim, afirmou à Justiça que na época do crime lutava contra o vício de cocaína, e admitiu que era agressivo com Natália a ponto de ameaçá-la de morte e agredi-la fisicamente.
Nas declarações, Guilherme diz que, no dia da morte de Joaquim, ele teria colocado o enteado para dormir e saído de casa para comprar drogas, mas que voltou depois de não conseguir encontrar o traficante. Ele alega que Nathália também já estava dormindo quando chegou, e que logo depois também acabou pegando no sono. Na versão do padrasto, a criança sumiu durante o sono do casal. “Percebemos que ela tinha sumido no dia seguinte”, disse.
Nos depoimentos dados à Justiça em 2015, Nathália também entende que Guilherme não matou Joaquim, e disse até que o companheiro era próximo do menino. Segundo ela, o vício de cocaína do acusado aumentou justamente depois que a criança foi diagnosticada com diabetes, em setembro de 2013, dois meses antes de ser assassinada. A mulher também é acusada pelo Ministério Público de assassinato e de não ter protegido o filho de forma adequada.
“Ele foi o executor do crime. Ele está sendo responsabilizado por isso. E ela por não ter impedido que ele fizesse isso”, disse o promotor Tulio Alves Nicolino ao “Fantástico”. “O que pesa contra ela [Nathália) é a omissão, por não ter protegido o filho. “Ela tinha o dever de garantir a integridade física e psíquica da criança. E não o fez”, completou.
Ainda de acordo com a acusação, Longo pode ter tido uma crise de ciúmes provocadas pela proximidade do pai biológico de Joaquim, Arthur Paes, com Natália, de quem estava separado. Essa reaproximação se dava por conta da diabetes e a preocupação de Paes com a saúde do filho.
Atualmente, Guilherme Longo está preso na Penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo. Ele ficou preso por dois anos e três meses e depois passou a responder o processo em liberdade, mas fugiu para a Espanha em 2017. Um produtor da TV Globo o localizou nas ruas de Barcelona e o denunciou para a Interpol, que o capturou.
Nathália ficou um mês presa e também passou a responder o processo em liberdade. Desde então, está solta. Ela se casou de novo e é mãe de gêmeos.
Segundo o advogado de Nathália, Nathan Castelo Branco de Carvalho, a versão da sua cliente será a de acusar Guilherme Longo como culpado pela morte do filho. “Ela entende que o Guilherme matou o Joaquim e deve esperar uma condenação que, enfim, o responsabilize por esse evento tão danoso na vida dela e de toda a família”, disse ao “Fantástico”.
O advogado de Longo, Antonio Carlos de Oliveira, disse à reportagem da TV Globo que o seu cliente é inocente das acusações. “Ele nunca sequer confessa ter praticado qualquer tipo de agressão que pudesse maltratar o menino, muito pelo contrário. Ele ratifica em todas as suas falas que é inocente da imputação que é feita pelo Ministério Público”, disse.