Um cirurgião-dentista, de 42 anos, é investigado por causar lesões corporais gravíssimas em diversas pacientes, em razão de deformidade permanente, bem como a morte de uma vítima, durante procedimentos estéticos proibidos pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO). Nessa quinta-feira (22), o profissional, que atua em Belo Horizonte, foi alvo de mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG).
Ao todo, foram registrados dez casos contra o cirurgião-dentista, sendo nove de lesões corporais e um de homicídio. As investigações iniciam em março, quando a PCMG recebeu informações de atuação suspeita por parte do investigado, que também poderá responder por exercício ilegal da arte dentária.
Na casa dele, a equipe da Polícia Civil recolheu diversos prontuários e documentos relacionados às vítimas, medicamentos proscritos, carimbo médico, receituários em branco, celular e equipamentos eletrônicos. Já na clínica do suspeito, foram arrecadados os prontuários e documentos relativos às vítimas.
Suspensão do exercício profissional
Conforme informou a delegada Andrea Pochmann, o cirurgião-dentista está com pedido de suspensão judicial do exercício profissional devido a requerimento da Polícia Civil.
“Em decorrência das investigações, o Conselho Federal de Odontologia decretou a intervenção administrativa no Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais, com o afastamento integral do plenário e a nomeação de diretoria provisória, vez que o referido Conselho autorizava a prática dos procedimentos estéticos proibidos, por meio de deliberação, contrariando entendimento do CFO, dentre outras irregularidades”, afirmou a delegada.
Além disso, a PCMG obteve a suspensão do exercício profissional do investigado até que o processo criminal seja concluído, ultrapassando a cautelar expedida pelo próprio CRO no prazo inicial de 30 dias.
Morte de paciente
Durante o mandado de apreensão, a Polícia Civil encontrou o anestésico Propofol, de uso exclusivo médico-hospitalar, e que só pode ser administrado por médicos anestesistas. Esse é o mesmo encontrado no corpo da vítima fatal, uma mulher de 63 anos, que morreu em abril deste ano após um procedimento estético.
A Polícia Civil reuniu informações de que a paciente teria desfalecido durante o procedimento e, mesmo assim, foi liberada da clínica odontológica. Contudo, momentos depois ela teve um segundo desfalecimento e foi encaminhada ao hospital, onde foi internada com quadro clínico grave e morreu.
Segundo o chefe do 1º Departamento de Polícia Civil em Belo Horizonte, delegado Rômulo Guimarães, a Polícia Civil trabalha com hipótese de que a paciente teria morrido com uma parada cardiorrespiratória. “O investigado, contudo, alegou que a vítima teria tido uma apneia do sono, como que adormecendo durante o procedimento. Mesmo assim, ela foi liberada”, disse.
A Polícia Civil informou que as investigações prosseguem para conclusão do inquérito policial.