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Clayvert Simeone: o itabirano com nome de craques e que busca seu espaço no futebol brasileiro

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Atacante itabirano fez gol decisivo pelo Fortaleza, na Copa São Paulo. Foto: Divulgação

“O projeto deveria ser mais valorizado, pois, assim como eu, vários poderiam ter saído dele e se tornado jogadores, mas a falta de investimentos nos faz perder muitos atletas para a vida do crime. Junto comigo havia garotos que tinham tanto potencial quanto eu, mas não tiveram apoio e oportunidade. Itabira tem muito jovem bom de bola, caras com capacidade de figurar no cenário nacional e até europeu, mas não conseguem por descaso.”

Esse é o relato de Clayvert Simeone, hoje um jogador profissional, mas poderia ser de milhares de jovens espalhados por este país. Nascido e criado no bairro Santa Marta, em Itabira, o atleta viu sua trajetória mudar a partir da sua entrada no projeto Independente Junior, realizado no mesmo bairro.

Ali, ao ser acolhido pelo treinador Guilherme, a quem demonstra muita gratidão até hoje, Clayvert, como legítimo atacante que é, começou a sua arrancada para o jogo da vida, driblando adversários, como as drogas e o crime, sem o menor pudor.

E se o curiosíssimo nome Clayvert Simeone Gomes Silva arranca risadas e olhares de espanto por onde passa, a figura por trás dele demonstra uma maturidade pouco comum para alguém da sua idade. Com passagens por América-MG, Atlético-GO, Vila Nova-GO, Serranense-MG e, por último, o Fortaleza-CE, o itabirano de 20 anos representa milhares de meninos que, assim como ele, veem no futebol um escapatório contra problemas sociais que os rodeiam.

“É um projeto muito bom, pois ajuda os meninos da comunidade a saírem da rua e os orienta ao esporte. Hoje, a maioria das crianças sonha em ser um atleta de futebol, mas lá eles não ensinam apenas isso, ensinam a serem homens também, lapidando o nosso caráter. Por isso ele deveria ser mais valorizado.”

Com 20 anos e passagens por diferentes clubes, Clayvert demonstra muita maturidade em suas palavras. Foto: Divulgação

Sobre o inusitado nome, Clayvert, que atualmente procura por um novo clube, diz que ele surgiu devido à idolatria do seu pai por dois jogadores: Patrick Kluivert, ex-craque da Holanda, e o ótimo futebolista argentino e atual treinador do Atlético de Madrid, Diego Simeone. O primeiro era muito admirado pelo seu talento e faro de gol, já o segundo tinha o carinho do Seu Jaconias por sua entrega dentro de campo.

E durante essa curta trajetória até aqui, um dos momentos mais marcantes, certamente, foi o gol feito por Clayvert na Copa São Paulo de Futebol Junior desse ano. O tento marcado contra o Brasil de Pelotas, tradicional equipe gaúcha, deu a vitória à equipe do Fortaleza, mas os três pontos acabaram sendo os únicos do clube durante a fase de grupos, resultando em uma precoce eliminação.

O atacante se diz feliz pela conquista pessoal, mas lamenta a campanha realizada na principal competição de base do país:

“Fiquei muito feliz pelo meu desempenho individual e o gol, mas, infelizmente, as coisas na Copinha não foram como planejamos, até porque tivemos algumas dificuldades com a regularização de atletas. Porém, na vida não temos só vitórias, temos também derrotas, e elas não vem para nos diminuir, e sim para nos ajudar a crescer. Tudo isso serviu de lição e aprendizado”, relata.

Atualmente sem clube, o atleta disputou a última Copinha pelo Fortaleza, time pelo qual sente muito carinho. Foto: Divulgação

Inspirações e futuro

Lição e aprendizado, aliás, são duas palavras que parecem estar, constantemente, no vocabulário do itabirano. Tanto que sua maior referência no esporte atualmente lhe serve como um espelho não só dentro de campo, mas também fora dele.

“Meu ídolo no futebol é o Ricardo Oliveira, não só pelo que ele joga, mas também o que ele representa fora de campo, o seu caráter. Outros ídolos que eu acompanho também são o Suarez, Lewandowski, Ibrahimovic e Cristiano Ronaldo, que, na minha opinião, são os grandes centroavantes que temos hoje, então me espelho bastante. Mas o que me vejo mais, não só como atleta, mas como pessoa, é o Ricardo Oliveira.”

Sobre o futuro, Clayvert se dedica, neste momento, a se condicionar fisicamente, por meio de um serviço especializado e um personal trainer, para estar em forma quando voltar a atuar normalmente. Ele diz que sua meta atual é estar nos campos novamente o mais rápido possível, para que, assim, persiga alguns dos seus maiores sonhos, como a seleção brasileira.

“O que busco é estar jogando em alto nível, e, sem dúvidas, chegar à seleção brasileira, que é o sonho de todo atleta de futebol. Meu maior desejo é esse, estar vestindo a camisa do nosso país e buscando uma taça da copa do mundo. Por que não?”, afirma.

E é essa confiança que o atleta de 20 anos tenta passar aos mais novos. Ciente de onde veio e aonde pode chegar, o atacante deixa a mensagem para quem, assim como ele, enxerga no futebol uma possibilidade de se encontrar na sociedade.

“Quero deixar um recado aos jovens de Itabira e região. Se você tem um sonho, você é capaz de realizá-lo, basta crer em si mesmo e estar disposto a pagar o preço. Não deixe que ninguém o faça desistir. Gostaria de dizer isso para todas as crianças, todos aqueles que desejam, um dia, serem atletas de futebol, médicos ou quaisquer outras profissões. Nunca desista do seu sonho, vá em busca, pague o preço e saiba que as coisas irão acontecer.”

À esquerda, um jovem Clayvert Simeone atuando nas quadras do Santa Marta. Foto: Divulgação
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