A mineradora Vale segue insistindo em alterar as condições do plano de saúde oferecido aos seus colaboradores — transferindo as internações em apartamentos para enfermarias. A proposta causou indignação nos representantes do Sindicato Metabase de Itabira e Região e esquentou o clima nas tratativas para o acordo coletivo de trabalho entre a companhia e os seus funcionários. O grupo de sindicalistas, inclusive, chegou a se levantar da mesa de negociação e encerrar as conversas.
“Em cinco anos e cinco acordos coletivos como presidente desta instituição, junto aos diretores, nunca negociamos nenhum retrocesso nos direitos e benefícios já adquiridos. Estamos dispostos, juntos com a categoria, ir até às últimas consequências caso a empresa insista neste retrocesso absurdo. Não negociamos com o atraso e retrocesso. Proteger o conquistado e avançar em novas conquistas, isso é o que faremos”, disse André Viana Madeira “Pato Roco”, presidente do Sindicato Metabase, após a rodada de negociações da última terça-feira (31).
“O Sindicato Metabase de Itabira e Região e sua diretoria exigiu da vale a manutenção integral da proposta com possibilidade de abandono irreversível da mesa e inclusive judicialização das negociações. Insisto: não negociamos com retrocesso; diante da posição firme e disposição de luta, inclusive da paralisação por parte dos trabalhadores, a empresa solicitou outra reunião para apresentar nova proposta”, completou o sindicalista.
Vale e Sindicato voltam à mesa de negociações no dia 13 de novembro, um segunda-feira. “Esperamos que a vale retorne com o respeito que os guerreiros e guerreiras merecem. A resistência vai continuar, a luta vai continuar, a coragem vai aumentar”, afirmou André Viana.
Apesar de lucro de R$ 13,8 bilhões, Vale alega dificuldades
Durante as primeiras rodadas de negociações, a Vale alegou dificuldades com os sucessivos aumentos nas áreas de saúde privada, que causam impactos no custeio do AMS, plano de saúde oferecido aos seus colabores. A declaração acontece em um momento que a empresa alcança a marca de R$ 13, 8 bilhões de lucro somente no terceiro trimestre deste ano.
Além disso, os representantes da empresa alegam que os trabalhadores atingem com frequência as metas definidas pelo Fator Vale, que são definidas pela própria companhia e utilizadas para distribuir a Participação dos Lucros e Resultado (PLR). Isso aconteceria devido a uma “frouxidão” neste sistema, facilitando que as notas máxima sejam alcançadas.
Outra alegação da mineradora é o constante aumento do custeio com os empregados — ela afirma que a cada ano os custos em manutenção de pessoal cresce, dificultando ainda mais o seu processo financeiro. Dentro dessa questão, a Vale disse que tem desvantagem em relação a outras companhias devido ao pagamento da insalubridade.
Isso porque outras as empresas pagam uma porcentagem baseado no salário mínimo enquanto a Vale se baseia em seu próprio piso salarial, que é maior do que o salário mínimo vigente (com o pagamento de insalubridade variando de 10% à 40% dependendo do grau de risco).