Com a presença de cinco promotores, assembleia geral dos ribeirinhos é marcada por pedido de união em Barão de Cocais
A reunião organizada pela comissão de ribeirinhos de Barão de Cocais lotou o Salão Paroquial da cidade e contou com a presença de cinco promotores de justiça. Moradores das consideradas áreas secundárias de risco fizeram uso da palavra para levantar reivindicações à Vale. Às vésperas da audiência de conciliação entre o Ministério Público e a […]
A reunião organizada pela comissão de ribeirinhos de Barão de Cocais lotou o Salão Paroquial da cidade e contou com a presença de cinco promotores de justiça. Moradores das consideradas áreas secundárias de risco fizeram uso da palavra para levantar reivindicações à Vale. Às vésperas da audiência de conciliação entre o Ministério Público e a mineradora , promotores reforçaram o pedido de união entre os cocaienses.
Com apenas seis dias à frente da comarca, a promotora Isadora de Castro falou sobre a importância da comunidade levantar as demandas emergenciais juntamente ao Ministério Público. “Eu quero dividir essa cruz. É um direito de vocês, então eu preciso da ajuda de cada um com suas demandas para transportarmos cada dano para dentro do processo de maneira técnica, porque é assim que se ganha um processo”, disse aos atingidos.
Quem também esteve presente no encontro foi o promotor Cláudio Fonseca, que representou a promotoria do município por seis anos. Cláudio foi transferido no início do mês para Mariana como uma promoção por antiguidade. O promotor ressaltou que mesmo não mais representando diretamente Barão de Cocais, acompanhará o processo de forma colaborativa junto a Isadora de Castro.
“Morei aqui por seis anos, tenho amigos nessa cidade. O que a Vale está causando às pessoas, a expectativa, é desumano. Os cocaienses precisam de unir. Lutar. Uma luta só, por todos, demonstrando força”, ressaltou Cláudio.
Na oportunidade, o chefe do Executivo municipal, Décio Geraldo dos Santos, reforçou o pedido de união e convidou a população a participar de um manifesto na sexta-feira (28). “Temos que reconhecer que não temos um manual de instruções pra esse tipo de situação. Agora o intuito é reunir as demandas e lutarmos juntos. Não é hora de vaidades, é hora de união. Amanhã acontece a audiência [ de conciliação ] e eu queria convidar os cocaienses a participarem de um ato em frente ao fórum, mostrando que estamos juntos”, enfatizou.
RISCO DE ROMPIMENTO
A barragem Sul Superior da mina de Gongo Soco, sob responsabilidade da Vale, soou o seu alarme em 8 de fevereiro, colocando a segurança da estrutura em nível 2. Por precaução, os moradores das chamadas zonas de autossalvamento (ZAS): Tabuleiro, Piteiras, Vila do Gongo e Socorro foram retirados de suas casas e levados para hotéis na região.
Em 22 de março a sirene voltou a soar no local, elevando o nível de segurança para 3, com risco iminente de rompimento. Desde então, os cocaienses vivem a angústia e o receio de colapso da barragem de rejeitos, que levaria uma hora e 12 minutos para chegar ao perímetro urbano, chamado de área secundária de risco.
No dia 16 de maio, a mineradora informou ao Ministério Público de Minas Gerais sobre o deslizamento significativo de um talude na cava da mina de Gongo Soco. O receio era de que a queda do talude causasse um abalo sísmico e provocasse a ruptura da barragem. A Vale previa a queda da estrutura até o dia 25 daquele mês. No último dia de maio (31), uma porção equivalente a 1% do paredão se desprendeu e acomodou no fundo da cava.