Foi realizado no auditório da Unifuncesi neste fim de semana, entre os dias 28 e 29 de julho, o 14º Congresso Estatutário da Regional da Central Única dos Trabalhadores do Vale do Aço (CORCUT). O evento foi dedicado a Francisco Carlos Delfino, o Chico Ferramenta, ícone sindicalista e político de Ipatinga e região, que faleceu no início de julho. Ferramenta foi o primeiro presidente da CUT no Vale do Aço, eleito no 1º CORCUT em 1986.
Além das homenagens a Chico Ferramenta, os presentes analisaram sobre a atual conjuntura sindical, os seus desafios e o contexto social e político de nível regional, estadual e nacional. Além disso, os sindicalistas fizeram um balanço político e organizativo da regional da CUT, assim como eleição para a sua diretoria; e plano de lutas, financiamento e gestão.
Entre os representantes e convidados para a mesa de abertura, estiveram presentes: Jairo Nogueira, presidente da CUT Vale do Aço, a vereadora ipatinguense Cida Lima (PT) e Maurício Mendes, presidente da Unifuncesi e anfitrião do evento.
Em sua fala, Cida Lima frisou sobre o ‘‘trabalho de resistência’’ e as lutas por direitos que os sindicalistas travaram ao longo dos últimos governos, e que deverão seguir em pauta, já que ‘‘vencer a eleição não se encerra a luta, pelo contrário’’. Cida também criticou a agenda do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, a que ela atribui a alcunha de nefasta.
‘‘Aqui em Minas a gente precisa continuar resistindo contra essa política do [partido] Novo, que não é novo e vem trazendo o que há de pior na velha política, com privatizações e privilégios para a classe dominante. Se a gente não resistir aqui na base […], nós corremos o risco de nem continuar esse governo [Lula] que a gente acaba de começar’’, disse Cida Lima.
André Viana diz que Dilma sofreu golpe e tece críticas a Zema, Temer e Bolsonaro
Durante a abertura do Corcut, na sexta (28), um fato que chamou a atenção dos presentes foi o tom adotado por André Viana, presidente do Sindicato Metabase, ao tecer críticas efusivas às gestões dos ex-presidentes Michel Temer e Jair Bolsonaro, sendo o último publicamente apoiado pelo sindicalista nas eleições presidenciais de 2018.
Viana classificou o impeachment de Dilma Rousseff (PT) como ‘‘golpe’’, avaliando o afastamento da ex-presidente como um evento catalisador para uma série de retrocessos de direitos trabalhistas: ‘‘Tivemos uma situação no Brasil que se agravou muito depois do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, que sofreu um golpe do vice-presidente Michel Temer, juntamente com congressistas. Depois do golpe, orquestradamente, Michel Temer implantou a reforma trabalhista, que retirou diversos direitos dos trabalhadores e, muita das vezes, com o apoio de parte dos trabalhadores.’’
Completando sua fala, André Viana afirmou que esse apoio de parte da classe trabalhadora enfraqueceu os sindicatos, viabilizando a chegada da reforma trabalhista com o ‘‘argumento’’ de que o imposto sindical iria acabar. Junto a reforma e governo Temer, Viana disse que passaram ‘‘fezes de um golpista’’, que foi apoiado em sua campanha pela elite empresarial e grandes corporações. O presidente do Sindicato não parou por aí, e ao criticar Bolsonaro, disse que seu governo trouxe a reforma da previdência, que ‘‘diminuiu as pensões e tornou quase impossível uma aposentadoria integral no país’’.