Foi realizada ontem (1º) a reinauguração da exposição ‘Muros Invisíveis’, do fotógrafo itabirano Yury Oliveira. O evento marcou o encerramento das atividades do II Flitabira (Festival Literário Internacional de Itabira) e contou com a presença de Preto Zezé, presidente nacional da CUFA – Central Única das Favelas. A exposição segue até o dia 31 de março, na Praça do Areão, trazendo 21 totens com 42 retratos de afroempreendedores itabiranos historicamente invisibilizados, que têm e tiveram uma vida de lutas para enfrentar preconceitos contra cor da pele, gênero ou classe social.
Em entrevista à DeFato, Preto Zezé ressaltou a importância da exposição, que segundo ele, valoriza e representa as pessoas por suas histórias e carreiras. ‘‘É um olhar de beleza, de autoestima, de potência. Geralmente a gente aparece de forma tão triste, tão dolorosa. Não deixamos isso de lado, mas precisamos ver de outra forma’’.
‘‘Somos isso aí, uma diversidade de talentos, competências, histórias e vidas. Fico feliz quando as pessoas enxergam que somos múltiplos e estou muito orgulhoso de ver a nova geração engajada’’
Jovem negro, periférico e de origem humilde, Yury Oliveira – fotógrafo da Mostra -, atua como profissional do ramo há quatro anos, e teve na ‘Muros Invisíveis’ a sua primeira oportunidade de realizar uma grande exposição. Para Yury, foi uma experiência profissional e afetiva muito gratificante “Pude conhecer um pouco de cada pessoa que recebeu o convite para ser fotografada (…) e foi nítida a felicidade – não somente minha –, mas de cada pessoa, por sentirem que elas vão ser vistas de uma forma mais enérgica na cidade. O fato de existirem ‘muros invisíveis’ ficou bem mais perceptível no momento dos diálogos, que mostraram como não nos sentimos valorizados”, conta o fotógrafo.
A curadoria da exposição foi feita por Nalbert Victor, estudante de Arquitetura e Urbanismo; e de Eva Maria Gonzaga, ativista cultural integrante da Rede Nacional de Mulheres Negras no Combate à Violência. De acordo com Nalbert, a curadoria optou por fotografar pessoas pretas empreendedoras e liderança e também artistas, responsáveis por movimentos sociais e educadores. “Assim, chegamos ao resultado de 42 pessoas que representam toda uma população”, lembra.
Segundo a ativista cultural Eva Maria Gonzaga, também curadora da exposição e integrante da Rede Nacional de Mulheres Negras no Combate à Violência, a representatividade foi um critério fundamental na escolha dos fotografados. “A exposição veio com o intuito de garantir que o nosso lugar de fala fosse preservado”, destaca.
As 42 pessoas fotografadas para a mostra foram: Agnes Carelle Alcântara Gonzaga; Alessandra Aparecida Silva Barbosa; Amanda Figueiredo Alcântara; Annyely Marciel Andrade; Antônio Marcos Beato; Camila Vieira Rocha; Carlos Alberto Procópio dos Reis; Catarina Maria Drumond Campos Bragança; Edmara Aparecida; Edwyn Lorram do Prado; Eva Maria Gonzaga; Giovanna Couto Pinheiro e Neves; Gisele A. Siqueira dos Anjos; Glauce Mara Costa Reis Leite; Jhonatan dos Santos Ferreira; Joana Elízia de Araújo Souza; José Canuto Ferreira; José Norberto de Jesus; Karine Silva; Lucas Lage Primo; Laureanne Laissa Gonçalves Reis; Lázaro Filiphe Araujo; Maria Betânia Silva Madeira; Maria da Conceição Paula; Maria do Rosário Cirilo Amaro; Maria Gregório Ventura; Marisa de Fatima Batista; Maycon Douglas Luiz Rosa Vitalino; Nalbert Victor Ferreira Madeira; Nyara Martins Crispim; Paolla Pity Paulino Simão; Phelipe Cordeiro Almeida; Phelipe Cordeiro Almeida; Rafael de Sá; Renato Arcanjo Araujo; Rosangela Maia Beato Batista; Rosemary Alvares De Souza; Romério Almeida de Oliveira ; Selma Geralda De Paula Ferreira; Tamires Madeira Tiago; Warley Ferreira Da Silva; e Yury Santos Oliveira.
O Flitabira é viabilizado com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. O projeto conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Itabira e da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade.