Com produção paralisada, Anglo American pensa soluções para evitar demissões após férias coletivas
Diretor afirma que mineradora fará “todas as medidas que estejam ao alcance para minimizar o impacto no emprego na região”
Com a paralisação parcial de sua produção de minério de ferro no projeto Minas-Rio, após um segundo rompimento no mineroduto, a Anglo American tomou a decisão de dar férias coletivas aos trabalhadores da mina, usina e planta de filtragem na região de Conceição do Mato Dentro. No município, a preocupação passa a ser com o que vai acontecer após o regresso dos funcionários, já que o planejamento inicial da companhia é de que as atividades fiquem suspensas por 90 dias.
Em entrevista exclusiva a DeFato Online, no escritório da Anglo American, em Conceição do Mato Dentro, o diretor de Assuntos Corporativos da empresa no Brasil, Ivan Simões, falou sobre essa questão da empregabilidade. Ele afirmou que as demissões não estão no planejamento da mineradora, pelo menos por enquanto, e que a Anglo “vai fazer todas as medidas que estejam ao alcance para minimizar esse impacto no emprego na região”.
As férias coletivas dos trabalhadores têm início no dia 17 de abril, com prazo de 30 dias. Nesse período, a Anglo American negociará com sindicatos e o Ministério do Trabalho e Emprego as medidas a serem adotadas no retorno dos funcionários. De acordo com o diretor, a empresa poderá antecipar manutenções e inspeções que aconteceriam mais tarde, dar treinamentos e eventualmente aproveitar a mão de obra em outras unidades da companhia, como na extração de níquel em Goiás e na sede administrativa.
“Nós não estamos pensando em demissão neste momento. Depois das férias coletivas nós estamos analisando quais seriam as ações que nós poderemos tomar para evitar demissões. Isso tudo está sendo analisado e será negociado com o sindicato e com o Ministério do Trabalho”, afirmou Ivan Simões. “Estamos agora analisando todas as alternativas que temos para minimizar ao máximo essa parada no emprego e na economia da região”, completou.
“Nós temos a intenção de voltar a operar o mais breve possível depois de garantirmos a segurança de todo mineroduto. Nós vamos precisar dessas pessoas que são especializadas. Nosso objetivo é tentar segurar o máximo para que elas possam estar disponíveis quando voltarem as operações”, disse o diretor de Assuntos Corporativos.
Ainda segundo Ivan, as férias coletivas são necessárias porque a mina de produção, em Conceição do Mato Dentro, não tem mais capacidade para empilhar o minério de ferro extraído. Assim, as atividades ficarão paralisadas até a completa inspeção de todo a extensão do mineroduto, nos mais de 500 quilômetros até o Rio de Janeiro. A princípio a empresa havia anunciado que a suspensão duraria 30 dias, mas depois divulgou o novo prazo, de 90 dias.
Apesar da paralisação da produção, Ivan garante que as obras de expansão para a etapa 3 do Minas-Rio continuarão normalmente, inclusive com contratação de trabalhadores, com preferência para quem é da região de Conceição do Mato Dentro. “Todas as contratadas que estão fazendo as instalações da infraestrutura continuam trabalhando da mesma maneira. Não há nenhum plano de interromper ou postergar as obras da etapa 3”, concluiu.
Segundo rompimento
O segundo rompimento no mineroduto da Anglo American aconteceu novamente no município de Santo Antônio do Grama, na Zona da Mata de Minas Gerais, em 29 de março. Segundo a empresa, o vazamento durou cerca de cinco minutos e atirou 170 toneladas de polpa de minério no córrego Santo Antônio.
A verificação em toda extensão do mineroduto será realizada por PIG Instrumentado, equipamento que percorre internamente toda a tubulação e faz uma varredura completa de diversos aspectos que compõem os tubos, gerando uma grande quantidade de informação, que será analisada por empresas independentes.
A mineradora informou ainda que estima, até o momento, em R$ 60 milhões o custo total das ações de reparação operacionais, econômicas e socioambientais decorrentes dos incidentes com o minerotudo em Santo Antônio do Grama. Hoje, o trabalho de limpeza do córrego Santo Antônio envolve cerca de 200 pessoas.
As investigações das causas do rompimento estão sendo feitas pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A informação inicial da Anglo American é de que uma falha na soldagem do mineroduto ocasionou os dois vazamentos.