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Com rombo bilionário, Correios bancam cota máster de R$ 4 milhões para turnê de Gilberto Gil

Com rombo bilionário, Correios bancam cota máster de R$ 4 milhões para turnê de Gilberto Gil

Foto: Divulgação/Giovanni Bianco

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) gastou R$ 38 milhões em patrocínio artístico nos três anos do governo Lula (PT). A ECT é comandada pelo advogado Fabiano Silva dos Santos, desde agosto de 2023. Esse profissional da área do Direito é ligado ao grupo Prerrogativas.

A estatal bancou a cota máster de R$4 milhões da turnê “Tempo Rei” de Gilberto Gil, que estreou no mês de março, em Salvador. A instituição apresentou uma justificativa para o investimento. “Agregar valor à sua marca (dos Correios) considerando se tratar da última turnê do artista, com a expectativa de que a mesma atrairá a atenção de um público estimado em aproximadamente 800 mil pessoas em shows realizados no Brasil, Europa e Estados Unidos”.

Em 2024, os Correios repassaram uma verba de patrocínio no valor de R$ 6 milhões para o Festival Lollapalooza. Oficialmente, a ECT explicou o motivo desse alto investimento no evento de música alternativa (heavy metal, punk e rock), que acontece anualmente no autódromo de Interlagos, em São Paulo. “Fortalecer a imagem da instituição junto a um público jovem, que não teve tanta experiência com a empresa e com potencial de agregar volta à marca, possibilitando associar sua marca a um dos maiores eventos de música do país e do mundo”.

Também no ano passado, foram destinados R$ 4,5 milhões à Confederação Brasileira de Ginástica, R$ 3 milhões aos Jogos Universitários Brasileiros e R$ 2 milhões à feira Casa Brasil Design. E tem até patrocínio internacional. A 3ª Feira Internacional do Livro de Bogotá (Colômbia), em abril de 2024, ganhou um recurso de R$ 600 mil.

Já em 2023, os Correios aplicaram verbas em eventos culturais de diversos pontos do país. Foram R$ 3, 3 milhões para shows e outras performances artísticas.  A apresentação dos grupos “Boi Caprichoso” e “Boi Garantido”, uma tradição do Festival Folclórico de Parintins, no Amazonas, recebeu aporte de R$ 400 mil. A Orquestra Criança Cidadã, de Recife (PE), foi beneficiada com R$ 500 mil. O Festival Coma (Convenção de Música e Arte), de Brasília, R$ 500 mil.

Em 2025, a estatal injetou R$ 1,3 mi no Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas com o presidente Lula, em fevereiro, na capital federal.

Deputado mineiro recorre à CGU contra o patrocínio de 4 milhões para a turnê de Gil

O deputado Cabo Junio Amaral (PL-MG) acionou o Tribunal de Contas da União (TCU) e pediu apuração sobre a compra da cota máxima de patrocínio da turnê “Tempo Rei” de Gilberto Gil pelos Correios.

O parlamentar mineiro considerou “inadmissível que o governo instrumentalize as estatais para beneficiar seus apoiadores. A estatal passa por uma grande crise financeira causada pela péssima governança petista”.

Rombo de R$ 3,2 bilhões reflete no plano de saúde dos funcionários da estatal

Levantamento do Ministério da Gestão e Inovação (MGI) apontou um rombo de R$ 3,2 bilhões na contabilidade dos Correios em 2024. Esse déficit corresponde a 50% do prejuízo acumulado das 20 empresas do Governo Federal. Esta equação não inclui a Petrobras e Banco do Brasil. A secretária de Coordenação e Governança das Empresas Estatais do MGI- Elisa Vieira Leonel- traça um perfil da delicada realidade financeira.

“Uma boa parte da explicação do aumento do déficit das estatais é o déficit dos Correios, que de fato aumentou bastante. O caso dos Correios é um caso que demanda nossa atenção. O governo tem se debruçado para discutir medidas de sustentabilidade financeira”, garante Vieira. O prejuízo das 20 empresas estatais fechou em R$ 6,3 bilhões no ano de 2024.

Em nota, os Correios destacaram que diversos fatores impactaram no desempenho de 2024.  Dentre eles, a estatal cita a queda na receita do segmento postal devido à entrada em vigor do Remesse Conforme (um programa que regularizou as compras em sites internacionais) e investimentos realizados.

“A atual gestão está executando um plano de recuperação robusta com foco em inovação, sustentabilidade financeira, modernização operacional, inclusão social e entrada em novos mercados como banco digital, seguros, conectividade e logística para a saúde”, assinala a nota, que reafirma ainda que “os desafios para 2025 incluem a reversão dos resultados deficitários”.

Uma situação específica é motivo de apreensão para os colaboradores. A estatal não faz repasse financeiro para a Postal Saúde desde novembro do ano passado. O rombo pode chegar à casa de R$ 600 milhões em maio. A Postal Saúde é a operadora de autogestão de planos de saúde para os funcionários. Devido a esse quadro, vários hospitais e clínicas não estão atendendo aos trabalhadores da ECT.

* Fontes: Veja, G1 e MGI.

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