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Como a psicologia pode ajudar na relação entre seres humanos e animais de companhia

Foto: Marcelo Horn/GERJ

Assim como os seres humanos, cães e gatos possuem sua própria personalidade, podendo ser tranquilos, agitados, sociáveis ou até mesmo individualistas. Quando adotamos um animal, muitas vezes não sabemos se ele pode ter sido exposto a traumas como violência, maus-tratos e abandono, o que deixa cicatrizes em sua vida emocional.

A boa notícia é que, dada a devida atenção aos aspectos comportamentais de cada animal, casos que antes poderiam evoluir para depressão, ansiedade, fobia, medo constante e até mesmo agressividade podem ser revertidos com carinho e ajuda de um profissional.

Cada animal tem sua particularidade comportamental, no entanto, todos necessitam de cuidados para atender suas necessidades, sejam elas, físicas ou emocionais. Os animais necessitam de boa alimentação, hidratação, abrigo, espaço físico e cuidados veterinários. Além disso, os pets precisam do contato com o ser humano, atenção e afeto.

“Assim como os seres humanos, os cães são muito sensíveis e suas emoções podem resultar em uma série de comportamentos. Com o rompimento da barragem B1, em 2019, alguns perderam seus lares, outros foram encontrados em áreas de obras, em situação de risco nas comunidades ou deixados voluntariamente para adoção por seus antigos tutores. Compreendendo o que significa o comportamento dos cães e gatos é possível aplicar metodologias que impeçam o surgimento de doenças emocionais ou tratá-las mais adequadamente quando aparecem”, destaca a Supervisora da Fazenda Abrigo de Fauna, Magda Castro.

Em Brumadinho (MG), são realizadas diversas atividades com os pets que serão liberados para adoção ou reintegrados a seus antigos lares. O foco é bem-estar animal e o bom relacionamento entre o animal e sua família. São realizadas atividades de socialização e soltura em grupo entre os cães e também contato com seres humanos. Os animais passam por atividades de recreação, passeios e recebem muito carinho.

Cadela Nat com sua tutora, Michelle Souza. Foto: Divulgação

A cadela Nat, resgatada após ser encontrada na região, chegou à Fazenda Abrigo de Fauna muito acuada. Não interagia com pessoas e evitava se aproximar. A cadelinha passou por um longo processo de socialização. Após o tratamento, Nat foi adotada e está adaptada ao novo lar. “Amor a gente constrói. A Nat chegou precisando de carinho e foi o que oferecemos à ela. A cadela é muito afetuosa e se adaptou muito bem a nossa casa e ao outro cão que temos, o vira-latas Thor, além de ter se transformado no xodó da família. Acredito que ela entende o quanto é querida e por isso sente que encontrou um lar, destaca a Engenheira Química, Michelle Sousa.

Processo inverso com os animais silvestres

Diferentemente dos pets que passam por um processo de socialização e contato com o ser humano, os animais silvestres têm o mínimo de contato possível e são estimulados a terem aversão à seres humanos, para que não se aproximem ou sejam atraídos por eles depois que forem reintegrados à natureza. Estes animais passam por longos processos para adquirirem ou readquirirem suas habilidades, capacidades e comportamentos naturais essenciais à sobrevivência antes de serem reintroduzidos na natureza. O processo de reabilitação envolve o uso de diferentes técnicas de manejo e treinamento para propiciar a recuperação física e comportamental desses animais.

Após o rompimento, em 2019, foram iniciadas ações emergenciais e contínuas com o objetivo de reabilitar e reintroduzir animais impactados, resgatados ou apreendidos na área de influência. Um dos maiores desafios do processo é garantir que o animal adquira as habilidades necessárias para encontrar alimento, abrigo, identificar predadores, além de exibir comportamentos típicos da sua espécie; o que naturalmente não envolve socialização com humanos. O processo de reabilitação é variável, envolvendo fatores específicos de acordo com a espécie, o indivíduo e o período que o animal permaneceu em cativeiro. Por isso, o programa de reabilitação não possui períodos pré-definidos e se adapta para obter os melhores resultados para cada espécime envolvido no processo.

Dependendo do caso, os procedimentos podem envolver a necessidade de se formar um grupo social saudável, onde todos os indivíduos serão reabilitados e soltos ao mesmo tempo. Isso aconteceu com os periquitões-maracanãs, as rolinhas-roxas, os tico-ticos, os canários-da-terra, os jacuaçu e outras aves que foram reabilitadas pela Vale em instituições parceiras. Esse estímulo à interação entre indivíduos da mesma espécie favorece, especialmente, animais resgatados ainda filhotes, e que de outra forma não teriam como aprender comportamentos essenciais à sua sobrevivência. Certos animais apresentam deficiências físicas, como por exemplo ausência de penas devido à corte e/ou brigas, ou algum membro quebrado. Nestes casos, é necessário um acompanhamento médico veterinário para que o animal readquira as condições físicas necessárias para participar do programa de reabilitação.

“A realização de treinamentos e testes que avaliem e confirmem os comportamentos aprendidos são essenciais para comprovar as habilidades sociais, anatômicas e funcionais. E, antes da soltura, os animais ainda passam por exames sanitários a fim de garantir sua saúde e impedir a introdução de patologias no ambiente de soltura. Por fim, após a soltura, é recomendado que esses animais sejam monitorados para avaliar sua sobrevivência e bem-estar no ambiente natural”, destaca a Analista Ambiental da Vale e Dra. em Comportamento Animal, Cristiane Cäsar.

Ao todo, entre 2019 e 2022, mais de 100 animais silvestres impactados pelo rompimento, encontrados em áreas de obras ou que estavam em situação de risco nas comunidades foram reintegrados à natureza.

Instalações de Fauna

A Vale mantém fazendas e instalações parceiras para identificação, cuidado e abrigo de aproximadamente 2.000 animais domésticos, silvestres e de produção. O tratamento e cuidado dos animais são feitos seguindo protocolos sanitários e de manejo recomendados pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária, Conselho Federal de Biologia, Universidade Federal de Minas Gerais e órgãos públicos competentes, e auditados por empresa independente designada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).
Ao todo, 3.220 animais, entre aves, bovinos, equinos, suínos, pets e outros, foram devolvidos para seus tutores, 400 adotados e 280 cães e gatos ainda estão à espera de um novo lar. É possível conhecê-los pelo site: www.vale.com/melevapracasa.

Processo de adoção online

Os interessados podem conhecer cada um dos animais na página “Me leva pra casa” (www.vale.com/melevapracasa), que já recebeu cerca de 30 mil visitas. Os veterinários são capacitados para realizar entrevistas remotas e todo o processo de adoção pode ser feito à distância. Os profissionais acompanham o pet ao longo dos seis primeiros meses após adoção. A ação faz parte dos compromissos apresentados pela companhia aos órgãos públicos.

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