O presidente Jair Bolsonaro anunciou, na tarde desta quinta-feira (16), o médico Nelson Teich como novo ministro da Saúde, que assume o lugar do demitido Luiz Henrique Mandeta. Teich assume o cargo em meio à pandemia do novo coronavírus, que já infectou mais de 30 mil pessoas no país, levando cerca de 1,9 mil pacientes a óbito.
Em um rápido discurso no Palácio do Planalto, Nelson Teich fez suas primeiras declarações como ministro da Saúde. Teich disse que não haverá uma definição “brusca ou radical” sobre a questão das diretrizes para o isolamento social, mas enfatizou que a pasta deve tomar decisões com base em informações mais detalhadas sobre o avanço da pandemia no país. Nesse contexto, ele defendeu um amplo programa de testagem para a covid-19 e ressaltou que está completamente alinhado ao presidente Jair Bolsonaro, na perspectiva de retomar a normalidade do país o mais breve possível.
“Existe um alinhamento completo aqui, entre mim e o presidente, e todo o grupo do ministério, e que realmente o que a gente está aqui fazendo é trabalhar para que a sociedade retome cada vez mais rápido uma vida normal”, disse Nelson Teich.
Perfil
O novo ministro da Saúde é médico oncologista e empresário do setor. Nelson Luiz Sperle Teich, 62, é natural do Rio de Janeiro, formado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), com especialização em oncologia no Instituto Nacional de Câncer (Inca). Também é sócio da Teich Health Care, uma consultoria de serviços médicos.
Nelson Teich chegou ao atual governo como consultor informal na campanha eleitoral de Bolsonaro, em 2018, e foi assessor no próprio Ministério da Saúde, entre setembro do ano passado e janeiro deste ano.
Em seu perfil na rede social profissional LinkedIn, Nelson Teich lista suas outras formações e colaborações profissionais. O agora ministro da Saúde também utiliza o perfil para publicar artigos relacionados à sua área de formação. Nas últimas semanas, o oncologista tem feito publicações específicas a respeito do coronavírus, onde expõe opiniões sobre as medidas de contenção do vírus.
O que Nelson Teich pensa sobre o coronavírus
No artigo “COVID-19: Histeria ou Sabedoria?”, o novo ministro da Saúde ressaltou a “polarização cada vez maior” das visões sobre a pandemia. Nelson Teich faz uma análise do panorama e indica prováveis consequências com a dualidade de interpretações.
“A discussão sobre as estratégias e ações que foram definidas por governos, incluindo o Brasileiro, para controlar a Pandemia do Covid-19 mostra uma polarização cada vez maior, colocando frente a frente diferentes visões dos possíveis benefícios e riscos que o isolamento, o confinamento e o fechamento de empresas e negócios podem gerar para a sociedade. É como se existisse um grupo focando nas pessoas e na saúde e outro no mercado, nas empresas e no dinheiro, mas essa abordagem dividida, antagônica e talvez radical não é aquela que mais vai ajudar a sociedade a passar por esse problema”.
“Criar uma polarização, imaginando que de um lado estão as pessoas e do outro lado o dinheiro, pode ser um erro grave na avaliação do problema trazido pela Covid-19. Uma situação de competição pode gerar grande ineficiência na capacidade de interpretar a evolução da situação e na capacidade de ajustar o sistema de saúde e o dia a dia das pessoas adequadamente.”
Isolamento horizontal
Apesar de afirmar que suas ideias de ações de enfrentamento à pandemia do coronavírus estão “completamente alinhadas” às de Jair Bolsonaro Teich diverge do presidente da república em relação ao método mais eficaz de isolamento.
Nelson Teich é defensor do isolamento horizontal, no qual todos os que não desempenham atividades essenciais se isolam em casa. O presidente Jair Bolsonaro é defensor do chamado isolamento vertical, no qual apenas pessoas do grupo de maior risco para a doença devem permanecer em quarentena.
No artigo “COVID-19: Como conduzir o Sistema de Saúde e o Brasil”, Teich justifica a preferência pelo isolamento horizontal.
“Diante da falta de informações detalhadas e completas do comportamento, da morbidade e da letalidade da Covid-19, e com a possibilidade do Sistema de Saúde não ser capaz de absorver a demanda crescente de pacientes, a opção pelo isolamento horizontal, onde toda a população que não executa atividades essenciais precisa seguir medidas de distanciamento social, é a melhor estratégia no momento. Além do impacto no cuidado dos pacientes, o isolamento horizontal é uma estratégia que permite ganhar tempo para entender melhor a doença e para implantar medidas que permitam a retomada econômica do país”.
“Outro tipo de isolamento sugerido é o isolamento vertical. Nessa opção apenas um grupo de pessoas é submetido ao isolamento, no caso aquelas com maior risco de morrer pela doença, como idosos acima de 60 anos e pessoas com outras doenças que aumentam o risco de morte pela Covid-19. Essa estratégia também tem fragilidades e não representaria uma solução definitiva para o problema. Como exemplo, sendo real a informação que a maioria das transmissões acontecem à partir de pessoas sem sintomas, se deixarmos as pessoas com maior risco de morte pela Covid-19 em casa e liberarmos aqueles com menor risco para o trabalho, com o passar do tempo teríamos pessoas assintomáticas transmitindo a doença para as famílias, para as pessoas de alto risco que foram isoladas e ficaram em casa”.
Elogios à Mandetta
No fim do artigo “COVID-19, Telemedicina e Eficiência do Sistema de Saúde.”, Nelson Teich dedica algumas palavras ao agora ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. O referido artigo foi publicado no dia 18 de março. À época, Teich definiu a atuação de Mandetta como “brilhante”.
Impossível falar sobre o problema da COVID-19 no Brasil e não comentar a atuação brilhante do Ministro Luiz Henrique Mandetta. Excepcional condução, tranquilidade, equilíbrio, eficiência e enorme capacidade de comunicar de forma clara com a sociedade.
*Com informações da Agência Brasil