O PT e a federação partidária Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV) oficializaram, na última quinta-feira (21), a candidatura do ex-presidente da República Luiz Inácio “Lula” da Silva, para concorrer às eleições presidenciais de outubro. Também foi formalizada a participação do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) como vice-presidente, na chapa que concorrerá a uma vaga no Planalto neste ano.
Durante a convenção partidária, que ocorreu a portas fechadas em um hotel na capital paulista, o PT aprovou ainda a coligação com o PSB, Solidariedade e a federação PSOL-Rede. Lula e Alckmin não participaram do evento, porque estavam cumprindo agenda no Recife. “Aprovamos nossa coligação de sete partidos e também delegamos à Executiva Nacional da federação poderes para discussão com outros partidos que possam querer integrar nossa coligação”, disse a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.
Segundo ela, no encontro, também foram discutidas a conjuntura política atual do país e a importância da construção de uma unidade no campo político que o grupo representa. “É óbvio que tiramos como meta a ampliação desse movimento político. O momento que vivemos no país é muito difícil e essa não é uma eleição normal como as outras. Esta eleição traz elementos duros para a democracia brasileira”.
Perfil
Luiz Inácio Lula da Silva, de 76 anos, nasceu em Garanhuns (PE) e iniciou sua trajetória política como sindicalista em 1966. Foi presidente da República por dois mandatos a partir de 2003, depois de ser eleito em 2002, em disputa no segundo turno das eleições com José Serra. Em 2006, Lula venceu Geraldo Alckmin e foi reeleito ao cargo. A primeira vez que disputou a Presidência foi em 1989, sendo derrotado por Fernando Collor de Melo. Tentou mais duas vezes, em 1994 e 1998, quando perdeu para Fernando Henrique Cardoso nas duas tentativas.
Em 2017, o ex-presidente foi condenado a nove anos e seis meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Em 2018, teve a prisão decretada pelo então juiz Sergio Moro. Em 2021, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin anulou as condenações, por entender que a 13ª Vara Federal em Curitiba não tinha competência legal para julgar as acusações, tornando Lula elegível. No mesmo ano, o plenário do Supremo confirmou a decisão.
Geraldo Alckmin, que nasceu em Pindamonhangaba, no interior paulista, tem 68 anos, é médico e professor. Foi governador de São Paulo de 2001 a 2006 e de 2011 a 2018, comandando o governo paulista por mais tempo desde a redemocratização do Brasil. Atualmente é professor universitário no curso de medicina da Universidade Nove de Julho e membro da Academia de Medicina de São Paulo.
PT busca PSB para resolver impasses em alianças estaduais
Na manhã seguinte à votação que endossou com 94% dos votos a chapa Lula-Alckmin à Presidência da República, conflitos entre o PT e o PSB em alianças regionais prevaleceram na Convenção do PT e da federação com o PV e o PC do B.
No centro das divergências entre os partidos está o anúncio do PSB no Rio de que vai manter a candidatura do deputado federal Alessandro Molon (PSB) ao Senado. Para lideranças petistas, a legenda descumpriu o acordo de retirar a candidatura para apoiar o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, André Ceciliano (PT) ao Senado.
Dirigente do PT no Rio, Washington Quaquá compareceu, na quinta-feira, em um hotel no centro de São Paulo, local da convenção, afirmando que levaria um recurso à Executiva Nacional do partido. A reivindicação é endossada pelo secretário nacional de Comunicação da legenda, Jilmar Tatto.
Uma ala do PT no Rio de Janeiro, inclusive, iniciou uma mobilização para retirar apoio ao pré-candidato ao Executivo fluminense Marcelo Freixo (PSB). Questionado sobre a possibilidade de ter dois candidatos ao Senado na chapa, como já avalizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o líder classificou o cenário como “vergonhoso para o PT”. A convenção estadual, que ocorreria nesta segunda-feira, 25, foi adiada até que este impasse seja resolvido.
Além da retirada de apoio, Quaquá ponderou que o PT pode se aliar à chapa de Rodrigo Neves (PDT), pré-candidato ao governo, e Felipe Santa Cruz (PSD), que deve ocupar a vice. Segundo o líder, a chapa Freixo-Molon prejudica a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Rio de Janeiro por estreitar a base de apoio do petista à capital carioca e às áreas mais ricas da cidade.
As divergências no Rio Grande do Sul também estão neste debate. O PT lançou a pré-candidatura do deputado estadual Edegar Pretto, enquanto o PSB aposta no ex-deputado federal Beto Albuquerque.
Apesar de levadas à convenção de quinta-feira, estas divergências foram objeto de um pedido de destaque, para que sejam discutidas antes pelo próprio PT em uma reunião a ser marcada na semana que vem. Mesmo com a maioria dos impasses estaduais entre PT e PSB solucionados, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, não descartou a possibilidade de as siglas apadrinharem projetos diferentes em determinados Estados. Segundo Gleisi, os partidos ainda têm até o dia 5 de agosto para fechar todas as convenções estaduais.
Sobre a possibilidade de as reuniões terminarem sem a dissolução de impasses, Gleisi admitiu que existe esta chance, mas ponderou “nós temos ainda tempo para discutir isso, sou daquelas pessoas que sou otimista”.