Há muitas controvérsias sobre esta brincadeira, mas a verdade é que tudo isso iniciou com a mudança no calendário cristão, feita no século 16, na França. Naquela época, o ano novo era comemorado na chegada da primavera e costumava ser celebrado entre os dias 25 de março e 1º de abril, quando populares trocavam presentes e caiam na farra.
Mas, foi em 1562 que começou a confusão. Naquele século, o papa Gregório 13 (1502-1585) criou outro calendário para todo o mundo cristão e, então, o ano novo passou a ser festejado no dia 1º de janeiro.
Contudo, o rei francês só seguiu o decreto do papa dois anos depois, em 1564. E mesmo com a mudança, muitos franceses resistiam ao decreto, ignoravam a nova data e mantinham as comemorações na última semana de março, com encerramento em 1º de abril. Isso era motivo suficiente para zombar dos atrasados e apelidá-los de “bobos de abril”. A brincadeira se estendeu para a Inglaterra e EUA, e depois se alastrou mundo afora.
O mês de março de 2021 encerrou ontem, quarta-feira, mas o que se viu foram muitas verdades que qualquer um de nós gostaríamos que fossem mentiras. O crescimento da onda de contaminação por coronavírus no Brasil é a pauta principal no dia da mentira e continuará assustando daqui pra frente.
Os brasileiros receberam, no mês passado, a notícia de que o nosso país já é considerado o epicentro da doença no mundo. O Brasil apresenta outras variações mais letais do vírus e as fronteiras com outros países já foram fechadas na tentativa de evitar a proliferação da nova cepa do Covid-19.
Minas Gerais, que foi considerado por muito tempo um dos estados com melhor campanha de combate ao coronavírus, vive o seu pior momento na pandemia. O governador de Minas, Romeu Zema, já decretou colapso em todos os municípios porque na maioria das cidades mineiras faltam medicamentos, leitos de enfermaria e de UTI, não tem oxigênio e as equipes médicas estão exaustas.
Em Itabira não é diferente. No dia 17 de março de 2021, um ano depois do primeiro fechamento da cidade para isolamento social, o município acumulava 102 óbitos por Covid-19. Hoje já são 193 mortes provocadas pela doença. Ou seja, 91 óbitos em 15 dias.
A cena de terror ocorrida na Europa, no ano passado, que assistimos pela TV, agora se repete em Itabira e em cidades vizinhas. Há pacientes com dificuldades para respirar que aguardam vagas em leitos de UTI. Algumas pessoas já morreram na fila do pronto atendimento, outras morreram em casa ou a caminho do hospital.
A chegada da vacina foi comemorada, mas está longe de alcançar toda a população. Até agora, no Brasil, foram aplicadas mais de 17 milhões de doses, o que corresponde a menos de 10% da população. Não bastasse a lentidão na distribuição das vacinas, ainda tivemos informações de centenas de pessoas que furaram fila na fase destinada a vacinação de profissionais de saúde e de pessoas do grupo de risco. Além disso, foi registrado perda e roubo de doses do antivírus.
E por falar em vacinas, nos últimos meses as redes sociais foram contaminadas por manifestações que repudiavam o imunizante. Um verdade difícil de acreditar. Há ainda quem esparrame por aí superstições de cura e prevenção que fogem dos protocolos de saúde. Houve também denúncias contra empresários e políticos que buscaram rotas alternativas e clandestinas para comprar a vacina.
Com todos esses problemas, a maioria da população está estremecida, mas há quem ainda não acredite que o vírus chegou no Brasil. As festas continuam acontecendo, os protocolos de prevenção do Covid-19 não são respeitados, o lockdown serve para poucos (geralmente para os pobres), e a corrupção no sistema de saúde grita mais alto que em jogo de Copa do Mundo.
Parece mentira, mas tudo isso é verdade. E, no dia de hoje, os “bobos de abril” são aqueles que continuam com as ‘baladinhas às escondidas’, que mantém o ‘futebol dos parças’ e que trapaceiam para ganhar vantagem na corrida pela vida. Ou seja, são os que sobrevivem com a hipocrisia de sempre.
Que Deus nos proteja!