Falta de semicondutores no mercado global e perda de poder aquisitivo do brasileiro afetam a comercialização de veículos no Brasil. Desde fevereiro, havia a expectativa de paralisação das montadoras, em virtude da escassez de equipamentos fundamentais na produção de automóveis.
Juntando-se à perda do poder aquisitivo do trabalhador brasileiro, não houve como driblar a crise, senão com a concessão de férias coletivas a cerca de 5 mil funcionários, nas duas principais montadoras do país, Volkswagen e GM (General Motors), desde a última segunda-feira (27).
Em 2022, as fábricas pararam por 36 vezes e deixaram de produzir cerca de 250 mil veículos. Para 2023, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) estima uma redução de 125 mil unidades a menos produzidos nas fábricas.
O Brasil é o oitavo maior produtor mundial de veículos. Especialistas acreditam que essa situação se deve ainda à pandemia do Covid, que causou o fechamento de fábricas na China, um dos poucos países que produzem peças. Tem carros que precisam de mais de 3 mil semicondutores em sua composição.
Diante do quadro, a Hyundai e a Stellantis optaram por dar uma pausa na produção e vão parar suas fábricas. A Hyundai já decretou férias coletivas aos funcionários desde 20 de março, com retorno às atividades programada para o próximo dia 3 de abril.
A Stellantis, desde o dia 22 de março, determinou férias coletivas dos funcionários do segundo turno da fábrica em Goiana (PE), que se estende até o dia 10 de abril. Na segunda-feira, a montadora paralizou também as atividades do primeiro e segundo turnos, com retorno no dia 6 próximo.
Segundo a Anfavea, a produção caiu 2.9% em fevereiro, em relação ao mesmo período de 2022. Neste mês, foram fabricados 161,2 veículos a menos, o menor número desde 2016. O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, nega demissão em massa nas fábricas do país.
“Não acredito em demissão em massa. Nós temos uma oportunidade muito grande de crescimento, e isso foi apresentado inclusive com exportações, mercado local. O que limitava o nosso crescimento eram os semicondutores e hoje, a realidade é que a crise dos semicondutores está ficando para trás”.
Lima Leite defendeu estímulo à compra de veículos novos. “Há dois anos e meio, o mercado automobilístico vendia 70% a prazo e 30% à vista. Nesse mês, estamos vendendo 70% à vista e 30% a prazo. Isso significa que o consumidor está indo para o mercado de carros usados. Temos que ter uma atenção especial para voltar com esse mercado em patamares elevados”, disse a jornalistas.