Movimentos funcionais variados e realizados em alta intensidade, treinos inusitados e competições são o mantra da modalidade conhecida como Crossfit e de outros treinamentos funcionais similares. A promessa é de um corpo atlético sem a monotonia dos treinos de musculação e/ou corrida.
A fama de lesões também fazem parte desse universo. Todo praticante de treino funcional ou de Crossfit conhece alguém que se machucou durante algum treino ou competição.
Mas a impressão de que se trata de uma modalidade particularmente perigosa para saúde está equivocada. Em comparação a outros esportes, como futebol, judô, vôlei e até mesmo o mais leve como corrida, o Crossfit se passa por esporte inofensivo.
São 3,1 lesões a cada mil horas de treino, segundo um estudo publicado na revista especializada The Journal of Strength & Conditioning Research. No Futebol, essa taxa é de 7,6; no judô, de 16,3.
Um estudo brasileiro, conduzido por pesquisadores da Santa Casa de São Paulo e publicado na revista Orthopaedic Journal of Sports Medicine, tem números na mesma linha. Entre os praticantes de Crossfit, 31% relataram já terem tido alguma lesão relacionada à atividade. Para o futebol, esse número é de cerca de 60%.
A chance de lesão no Crossfit está intimamente associada ao nível de envolvimento do professor ou coach, como se usa no linguajar crossfiteiro.
Um estudo mostrou que a probabilidade mais que dobra em turmas em que o professor tem baixa participação em relação àquelas em que a atenção é total. A parte do corpo mais sujeita a risco são os ombros, graças aos elementos de levantamento de peso, seguida dos joelhos e da coluna lombar.
Movimentos realizados na prática de Crossfit não são movimentos absurdos, são funcionais, ou seja: aqueles que fazemos no dia a dia, como agachar, subir escada, levantar peso. O problema é que são feitos com grande intensidade para desenvolvimento do ganho de força, flexibilidade, coordenação motora e resistência.
Portanto, cada atividade tem seu risco específico, devendo o praticante obedecer seus limites e orientações precisas do educador físico. Deve-se sempre procurar por avaliação médica especializada antes do início das atividades ou ao primeiro sinal de dor durante execução dos movimentos, para evitar lesões ou agravamento das já existentes.
Pratique atividade física, seu corpo e mente agradecem!!
Guilherme Mousinho é ortopedista e traumatologista, especialista em cirurgia do joelho. O conteúdo expresso é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato