Em 2009, ao anunciar sua candidatura ao cargo de deputado federal, o humorista Tiririca emplacou alguns bordões que se tornaram muito populares, sendo o mais marcante deles a frase “pior que tá não fica”. Pois o Cruzeiro, no auge da sua inquietude, faz questão de refutar a tese do comediante. Na Raposa, sempre dá pra piorar.
O último exemplo foi dado no último sábado (17). Diante do Avaí, um novo vexame e derrota por 3 a 0, com a equipe catarinense sequer fazendo força para garantir os três pontos. Os gols saíram naturalmente.
E o que mais irrita o torcedor é perceber que algumas das circunstâncias que levam à derrota poderiam muito bem ser evitadas. Como explicar a escalação sem pé nem cabeça do último sábado, ressuscitando jogadores como Claudinho e Ariel Cabral, que pouco acrescentam a essa altura? E as substituições?
Mozart parece viver em seu próprio universo, no qual conta com um farto elenco, capaz de oferecê-lo diversas possibilidades. Quem acompanha, minimamente, futebol sabia de antemão que as escolhas não tinham a menor chance de dar certo.
Isso sem falar na falta de critério para escolher os jogadores relacionados em cada partida. Quem começa determinado jogo, na rodada seguinte não viaja com o grupo. O outrora titular é afastado. O afastado vira primeira opção de banco. Tudo isso sem dar nenhuma satisfação ao torcedor, que tenta entender, por conta própria, o porquê das péssimas decisões.
Mas estamos apenas falando sobre parte de um problema. Mozart, cuja experiência como treinador de times principais se resume a dois trabalhos, sendo um deles um fracasso na Chapecoense, está lá porque alguém o colocou. Quem? O péssimo Sérgio Santos Rodrigues.
Aquele que aproveitou o desespero da torcida para se pintar como o salvador da pátria, o dono do “novo Cruzeiro”, mas é tão ruim quanto os demais. A única coisa que joga a seu favor, neste momento, é que sua gestão não possui suspeitas de atividades criminosas. Fora isso, não deve em nada para Wagner Pires de Sá, Itair Machado e Cia. Ltda.
Com sua vaidade, conseguiu a façanha de comandar um clube que, em 50 rodadas de Série B, não conseguiu colocar o pé no G4 em nenhuma delas. Além disso, se afastou de potenciais investidores, não admite erros e só dialoga com o cruzeirense nas boas fases (que são raras).
O Cruzeiro de Sérgio Santos Rodrigues não atrai o olhar de ninguém. Ele não é rentável, tampouco organizado, e possui um presidente pouco confiável, inclusive para os jogadores. Os atletas, aliás, em mais de uma oportunidade contribuíram financeiramente com os funcionários de salários mais baixos, exercendo um papel que não lhes cabia. O único triunfo do gigante celeste neste momento é a força da torcida. Não fosse ela, já teria falido.
Diante desse cenário, só há um caminho possível para o mandatário celeste: a renúncia. Pelo seu próprio bem e pelo bem da instituição. Sem Sérgio, o Cruzeiro pode se tornar atraente e ter alguma chance de entrar novamente na rota e se reconstruir, mesmo que de forma demorada.
Caso permaneça, a tese de Tiririca continuará sendo superada. E a Raposa terá que mudar um dos trechos marcantes do seu hino para “Cruzeiro, Cruzeiro querido. Nunca antes tão combatido e vencido.”
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
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