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Cruzeiro terá que superar o ego do seu próprio presidente para ter um pouco de paz

Cruzeiro

Foto: Cruzeiro/Twitter

Eram, aproximadamente, 17h do sábado (7), quando os torcedores do Cruzeiro se depararam com uma nota oficial “enigmática”. Divulgado no twitter, o comunicado anunciava o desligamento de seis atletas da categoria sub-20 do clube. Um texto no mesmo sentido foi postado na conta pessoal do mandatário cruzeirense Sérgio Santos Rodrigues.

Pedro Bicalho, Guilherme Liberato, Alexandre Jesus, Israel, Choco e Gustavo Medina faziam parte do grupo que perdeu para a Chapecoense na quarta-feira (4) por 2 a 0, pelo Campeonato Brasileiro da categoria. De acordo com a nota, o problema não foi a derrota, mas um “ato de indisciplina gravíssimo” cometido pelos atletas após o jogo, sem especificar qual seria tal ato.

A torcida, pega de surpresa, começou a criar várias teorias sobre qual teria sido a infeliz atitude dos jovens jogadores. Confesso que pensei em duas hipóteses: uma ação de marketing infeliz do Cruzeiro (algo muito improvável) ou um erro muito grave dos jogadores, algo do patamar do caso Robinho.

No entanto, já naquele dia, a versão mais confiável da história (o clube ainda não esclareceu oficialmente a situação) dava conta de que o grupo havia levado “acompanhantes” para o hotel no qual estavam concentrados.

Um erro? Óbvio, mas algo que não chega a ser uma novidade no futebol. Essa fugidinha, inclusive, acontece em equipes vitoriosas, mas a forma como ela é encarada está muito atrelada ao momento do time. Se está bem e vencendo, é uma maneira de dar liberdade aos jogadores e fazê-los se sentirem à vontade, desde que estes deem a resposta no campo.

Se está mal, uma prova do descomprometimento do time e a falta de profissionalismo. O fato é que esse tipo de situação acontece aqui e em qualquer lugar há muito tempo. Uma advertência, multa ou afastamento temporário poderia contornar o problema. Qualquer coisa, menos a nota oficial postada no sábado, que fez os atletas passarem de potenciais criminosos a jovens irresponsáveis em questão de horas.

Tudo passa pelo ego de Sérgio Santos Rodrigues. Sem constrangimento em se pintar como o rosto do “novo Cruzeiro”, o atual presidente da Raposa não perde a chance de mostrar quem manda. Invicta há quatro jogos na Série B e resgatando, novamente, a vontade do torcedor em acompanhar seu time, a equipe encontrou uma paz que há muito não se via nas dependências da Toca.

Diante deste contexto, se tornou ainda mais desnecessária a atitude do presidente em reafirmar sua autoridade daquela forma. Foi ruim para o clube, que agitou seu ambiente em um momento de tranquilidade; aos atletas envolvidos, crucificados por um erro comum para a idade; e para o elenco do sub-20, que perde seis peças importantes, sendo uma delas, o volante Pedro Bicalho, uma grande promessa do clube.

Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.

O conteúdo expresso é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.

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