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De jornalista a jornalista: Que tal um pouco mais de empatia?

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Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro

Após o jogo contra o Sampaio Correa, Fábio, um dos maiores goleiros da história do Cruzeiro, realizou um desabafo pela situação do time. Com uma postura diferente da usual em seus mais de dez anos de clube, o atleta reclamou da “fuga” dos principais responsáveis pela crise cruzeirense. Ele também acrescentou que quem está carregando o peso da draga são os jogadores que se prontificaram a ficar e ajudar a instituição.

Apesar do desabafo, Fábio não escapou das críticas daqueles que viram a sua entrevista como oportunista, alegando que o goleiro poderia ter se posicionado durante a gestão Wagner Pires. Outra polêmica, esta um pouco mais recorrente, se refere ao uso do VAR no futebol brasileiro. Alguns dos críticos mais ferrenhos da ferramenta defendem que ela deveria ser substituída por outra mais eficiente.

Mas o que esses dois assuntos, tão diferentes entre si, têm em comum? A falta de empatia de alguns colegas jornalistas. Em uma das suas várias definições, a empatia pode ser entendida como “a capacidade de sentir o que o outro sentiria caso você estivesse na mesma situação vivida por ele”. Começando pelo Fábio, ele poderia, sim, ter tido essa postura mais firme um pouco mais cedo. Mas não era uma decisão fácil. Quantos de nós teriam a coragem de expor os erros do clube em meio a um ambiente cheio de títulos, vitórias e entusiasmo da torcida?

Talvez você possa tentar não associar sua imagem à dos figurões que comandam (ou comandavam, felizmente) o Cruzeiro, mas chamar essa “responsa” para si enquanto a Raposa faturava títulos do Brasileirão e Copa do Brasil seria pedir para criar problema, especialmente com os torcedores. Imagine a situação: você trabalha em uma empresa que vive ótimo momento, quebrando várias metas e te pagando um dos maiores salários do quadro de funcionários.

A marca é bem vista por todos e reconhecida pela população, mas você sabe que toda aquela euforia é fruto de práticas questionáveis. Você, do fundo da sua alma, realmente acha que teria a coragem de expor os “podres” da empresa diante deste contexto? Remar contra a maré? Difícil, hein. Se a resposta for não, fica difícil exigir uma decisão diferente do outro, né?

Em relação ao VAR, por mais que ela some bastante ao futebol, a ferramenta não pode ser eximida das críticas. Eu mesmo tenho muitas restrições ao modo com que o árbitro de vídeo é utilizado no país. Porém, existe uma grande diferença entre exigir melhorias e pedir a extinção da ferramenta.

Como acabar com algo já consolidado no mundo inteiro? E como criar outra alternativa que a substitua em tão pouco tempo, sabendo que seria necessário todo um treinamento e preparação? Soa como birra de uma criança mimada, que está insatisfeita com uma situação e quer que ela simplesmente acabe, sem pensar nas futuras consequências.

Não quero ficar pegando no pé de ninguém, até por isso preferi não citar nomes, mas é bom nos colocarmos no lugar do outro antes de ativarmos nosso senso crítico. Óbvio que cada um tem seu lugar no esporte e uma função específica, mas nem por isso a empatia deve deixar de entrar em campo.

Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.

O conteúdo expresso é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.

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