O presidente eleito do Sindicato Metabase, André Viana, e seu vice, Carlos Estevam (Cacá), concederam entrevista coletiva nessa segunda-feira, 13 de agosto. Na primeira vez que falou à imprensa após a vitória como oposição, o novo mandatário chamou a atenção para o diálogo que pretende estabelecer com as mineradoras da região. De acordo com o novo presidente, o foco dos acordos deverá ser na defasagem salarial.
Dentre tantas demandas importantes reivindicadas por parte dos trabalhadores, a nova diretoria ressaltou a importância de se discutir a diferença de salários, para que a classe consiga adquirir bens, por exemplo. “Benefícios são bons, mas não valem como poder de compra. Infelizmente, não tem como chegar para financiar uma casa e tentar complementar a renda com cartão-alimentação, ou benefício cultura. Por isso, atualmente essa geração não consegue sair da casa dos pais. Não tem chances de crescer”, disse.
André também alegou que as principais necessidades precisam ser colocadas em pauta e discutidas com as empresas. “Outros sindicatos focaram anos anteriores apenas nos penduricalhos. A intenção agora é que possamos conseguir o que nem tentaram antes. Os sindicalistas estão de olho em Itabira e acreditam que aqui vai nascer uma luta nacional, e, se depender de nós, vai mesmo”.
Segundo o presidente, a vitória da chapa de oposição significa um importante avanço ideológico para o Sindicato Metabase, que possui 76 anos de existência. “No dia da eleição diversos grupos sindicais estavam aqui nos apoiando. Estavam porque acreditaram que podemos fazer diferente”, comemorou.
Alteração no estatuto
Uma das principais críticas feitas pela chapa de André Viana durante o período de campanha era direcionada à perpetuação do poder no Sindicato Metabase. O candidato da situação, Paulo Soares se mantém a 16 anos como presidente da instituição e tentava mais quatro anos de mandato.
André Viana afirmou durante a entrevista coletiva que irá alterar o estatuto do sindicato para que uma diretoria só possa tentar reeleição uma vez. Outra alternativa seria expandir o mandato para cinco anos e impedir a reeleição. Segundo o próximo presidente, isso ainda será discutido com a diretoria. “Indubitavelmente o estatuto será mexido. A democracia não permite mais ditadores no poder. O estatuto tem que ser revisto. Não tenho pretensão de perpetuar no poder, porque o maior sucesso de um líder é fazer sucessor”, declarou.
Além da questão da reeleição, André também levantou sobre a rotatividade de diretores, em forma de colegiado. “Os diretores terão reuniões mensais, quinzenais, o que hoje não tem no sindicato, reuniões por departamento, então a gente quer fazer o sindicato que realmente dá voz, participação aos diretores. Não dá pra ser totalitário”, finalizou.
O Jornal DeFato – Cidades Mineradoras trará entrevista exclusiva com o novo presidente do Metabase. Leitores poderão conferir na edição de agosto.