Na tarde dessa sexta-feira (20), na Universidade Aberta do Brasil (UAB), em Barão de Cocais, autoridades estaduais e municipais se reuniram para elaborar o plano de ação para a evacuação dos moradores das localidades de São José de Brumadinho, Boa Vista e Una. Eles são residentes de áreas de risco próximas à barragem Norte/Laranjeiras, ligada à mina de Brutucu.
No início dessa semana, o prefeito de Barão de Cocais, Décio Santos, foi comunicado pela Vale que o nível de segurança da barragem foi elevado, de maneira preventiva, de 1 para 2. O motivo foi a demora na apresentação do estudo técnico sobre o surgimento de uma trinca, na ombreira esquerda da barragem. Segundo a Vale, a trinca já foi selada, mas ainda são necessários trabalhos de sondagem, geotecnia e engenharia para verificar o porque da formação dela.
Assim, os moradores do entorno da barragem precisarão ser evacuados. Para traçar a melhor forma de fazer isso, o tenente-coronel da Defesa Civil Estadual, Flávio Godinho comandou a elaboração do plano de ação. Ele explicou que foi necessário criar um ambiente propício para unificar os órgãos de defesa civil e de segurança de Barão de Cocais e São Gonçalo do Rio Abaixo. Portanto, participaram representantes das defesas civis, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros de ambos os municípios.
Além deles, representantes da Vale e do Ministério Público (PM) fizeram um acordo quanto às datas estipuladas para contato e remanejamentos dos moradores. ““Nós trabalhamos com 10 famílias. No total são cerca de 35 pessoas, mas a cada busca que a Defesa Civil faz no local, esse número pode ser refinado e, inclusive, diminuir”, explicou tenente-coronel Flávio Godinho.
Evacuação programada
Flávio Godinho ressaltou que, de acordo com o plano de ação, as famílias serão encaminhadas para a escolha das moradias que irá atender melhor a cada necessidade. A ideia é que eles ocupem espaços correspondentes aos que estão deixando. As realocações vão acontecer à medida que as famílias forem escolhendo as novas moradias.
“O que está sendo ofertado para as famílias são sítios porque, elas moram em sítios. Nós já temos oito locais mapeados para que elas possam escolher. A Vale pediu duas semanas para fazer todas as obras de recuperação dos novos imóveis, bem como reformas e até compra de mobiliário. A Vale também acordou na reunião uma ajuda financeira de R$ 5 mil a todas as pessoas remanejadas. A data limite para esse pagamento também é 18 de dezembro”, explica do comandante da Defesa Civil Estadual.
Diferenças entre Gongo Soco e Laranjeiras
O tenente-coronel falou sobre a delicadeza na condução das operações de evacuação. Ele lembrou que retirar as pessoas das suas casas é ainda mais complicado por causa da sensação que elas tem de pertencimento com aquela terra. “A gente tem que respeitar isso, só que o maior bem que nós temos é a vida. A gente tem que oportunizar para essas pessoas que elas sejam tratadas de forma humanizada e dar para elas toda a segurança”, confirmou.
Ele destacou que, diferente do que aconteceu com os moradores de Socorro, próximo à barragem de Gongo Soco, dessa vez será possível a evacuação programada. “Em Socorro, fizemos um plano de ação em caráter de emergência. Precisou ser rápido pois Gongo Soco está em nível 3 e é uma barragem com método construtivo diferente da de Laranjeiras”, relembra.
Distribuição de competências
A equipe da Defesa Civil Estadual ficará em Barão de Cocais até o final desse sábado (21). “Iniciaremos um contato individualizado com cada família para explicar pra elas o que aconteceu, quais os riscos e entregar uma cartilha com todos os esclarecimentos necessários. Nosso papel é dar todo apoio e suporte às equipes locais”, explicou Flávio Godinho.
Para o tenente-coronel, a competência da legislação é do município, ou seja, a Defesa Civil das cidades de Barão de Cocais e São Gonçalo do Rio Abaixo darão continuidade ao plano de ação. “Eles são pessoas que tem competência, conhecimento e conceito junto aquela comunidade. Acredito que eles tenham plena condição para executar o plano de ação”.