Ahh, o bicampeonato brasileiro… Algo que poderia ser tão simples, mas há décadas incomoda atleticanos de todas as gerações. E desde 1971, quando conquistou seu único título da competição, não faltaram chances para o Galo voltar a levantar a principal taça do futebol nacional. Em cinco oportunidades, incluindo os formatos mata-mata e pontos corridos, o Atlético ficou com a vice-colocação.
Mas mesmo que as frustrações tenham deixado boa parte da torcida um tanto traumatizada, a possibilidade do bicampeonato nunca esteve tão próxima. Além do fator matemático, já que está a sete pontos do segundo colocado – Palmeiras – o desempenho do Atlético tem sido bastante confiável. Sólido na defesa, equilibrado no meio campo e eficiente no ataque, o time de Cuca, maduro como nunca, mantém seu padrão de jogo independente do adversário.
E por incrível que pareça, ainda é possível ver muita gente achando que o Galo se resume ao “Cucabol”. Aquele time afobado e sem criatividade do início da temporada, que só levava perigo na base da individualidade ou do abafa, por meio de inúmeros cruzamentos. Quem não se lembra do fatídico confronto contra o Deportivo La Guaira, na Venezuela? Foram mais de 60 bolas levantadas na área!
Esses, certamente, não assistem aos jogos do Atlético. O líder do Brasileirão tem sido um time envolvente e cadenciado. Contra defesas bem fechadas, tem paciência para tocar a bola e se movimenta bastante. Neste contexto, Hulk possui papel importantíssimo, já que sai da referência a todo instante e abre espaços para a infiltração de outros jogadores, como Zaracho e Savarino.
Outro em grande fase é Allan. Outrora mais conhecido pela indisciplina do que pelo futebol jogado, o volante está jogando cada vez melhor. Em seus melhores dias, o ex-jogador do Fluminense dá aula de jogo curto, dosando o ritmo da partida e sabendo sair da pressão alta do adversário. Com a cabeça no lugar, Allan é titular de qualquer meio campo do futebol brasileiro.
Além de todos estes fatores, dois problemas recorrentes nas campanhas recentes no Brasileirão parecem estar ficando para trás. Começando pela defesa. A fragilidade na marcação comprometeu a luta por títulos brasileiros do Galo em algumas oportunidades, como em 2015. Mesmo em 2012, quando a dupla de zaga era formada pelos ótimos Réver e Leonardo Silva, o desempenho defensivo não era tão confiável (ressalte-se que estamos falando do funcionamento do time como um todo, não apenas de dois jogadores).
Neste ano, no entanto, a história é outra. Contrariando a tendência até dos seus melhores trabalhos da carreira, Cuca montou um sistema defensivo muito eficiente. São apenas 13 gols sofridos no Campeonato Brasileiro, o que faz do Galo a melhor defesa da competição.
Outro calcanhar de Aquiles do Atlético costumava ser o segundo turno, quando a queda de desempenho era certa. Claro que ainda é cedo para falar sobre isso – caminhamos apenas para a terceira rodada do returno – mas a largada foi excelente. Primeiro, uma vitória categórica sobre o belo time do Fortaleza, treinado por Juan Pablo Vojvoda. Na partida seguinte, triunfo sem sustos sobre o Sport, por 3 a 0.
Por todo investimento feito nas últimas duas temporadas, a cobrança pela competitividade do Atlético era grande. Aliás, não bastava ser competitivo, era preciso jogar bem. E quem acompanha Hulk, Nacho Fernandez, Allan, Nathan Silva e Cia. Ltda de perto não tem dúvidas de que as expectativas estão sendo correspondidas. O Atlético nunca jogou tanto para levar o sonhado bicampeonato brasileiro.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
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