Nesta quarta-feira (17), Marco Antônio Lage (PSB) voltou a dar fortes declarações sobre a Unifei. Em entrevista à 93 FM, o prefeito de Itabira afirmou que, caso fossem concluídos hoje, os prédios 3, 4 e 5 ficariam “vazios”, sem nenhuma utilidade. Porém, o diretor do campus itabirano da universidade, Giberto Cuzzuol, garantiu à DeFato que esse risco não existe, completando que houve um “mal entendido”.
A construção dos novos prédios tem causado muita discussão na cidade há um longo tempo. Enquanto alguns criticam a demora das obras, hoje sem previsão para conclusão, Marco Antônio defende que elas não deveriam receber recursos próprios do município.
As declarações de hoje ocorreram enquanto o líder do Executivo falava sobre a diversificação econômica da cidade em um cenário pós-mineração. Segundo Marco Antônio, pessoas importantes da universidade de Itabira – apontada por ele como a vertente tecnológica da diversificação – confessaram ao mandatário que o “conteúdo” da instituição de ensino não foi trabalhado o suficiente nos últimos anos.
“Ouvi isso do reitor da Unifei, do vice-reitor, dos diretores da Unifei. Não trabalhamos nos últimos anos o conteúdo da Unifei como deveríamos trabalhar. Agora sim, no meu governo, estamos avançando com o CITInova, uma plataforma de desenvolvimento e inovação de tecnologia para várias áreas. A Unifei trabalha quando se dá os mecanismos, quando se dá o direcionamento”.
Logo após, o prefeito itabirano afirmou que os três novos prédios do campus ficariam vazios caso estivessem prontos atualmente. “Agora, os prédios, se ficarem prontos hoje, vão estar vazios, não tem o que fazer com eles. E em Itabira estamos brigando, Câmara brigando, empreiteira brigando, por interesse próprio, para a Prefeitura gastar R$ 100 milhões do dinheiro que eu preciso para recuperar vias urbanas, recuperar PSFs e a educação de Itabira”.
Inverídico
Procurado pela reportagem, o diretor geral da Unifei Itabira, Gilberto Cuzzuol, negou a possibilidade. De acordo com ele, as novas estruturas, na verdade, compensariam a falta de espaço dos prédios atuais.
“Estou fazendo uma leitura do que conversamos com ele, acredito que tenha sido só um mal entendido. O que ele falou foi outra coisa. Hoje temos aqui no campus atual 30.000 m² de área construída, mas de área útil (salas com portas, onde é possível ter aula) temos 10.500 m². Hoje temos falta de espaço, sim, falta de espaço para colocar professores novos que estão chegando, espaço para alunos estudarem, sala para eles estudarem no contraturno das aulas. Nos prédios de lá, dos 30.000 m² construídos, são 12.400 m² de área útil. Então são 2000 m² a mais do que aqui”, iniciou.
O desafio da Unifei e do município, no entanto, é transformar os atuais prédios em um parque tecnológico. Dessa forma, explica o diretor, eles não ficariam ociosos após a construção dos novos, dedicados aos estudantes e às aulas.
“Então a gente vai, sim, ocupar na plenitude os prédios lá. O que acontece é que o planejamento é que o Prédio 1 vire uma incubadora de empresas, esse foi o plano original dele, e o Prédio 2 um parque tecnológico. Então se não for construída uma política de atração de startups, empresas que queiram ser incubadas, os prédios atuais ficariam vazios, pouco utilizados. Essa é a questão. A gente está construindo como uma política interna na Unifei, junto com o Desenvolvimento Econômico, a construção de um parque tecnológico, que passa por uma questão de criação de centro de inovação. Se não tiver uma política, tudo construído, fortalecido e embasado, nenhuma empresa fica. É como jogar álcool no chão de cimento, o álcool vai queimar mas o fogo não vai propagar”.
Por fim, Gilberto Cuzzuol voltou a ratificar que a hipótese levantada por Marco Antônio Lage não confere. “O prédio novo vai ser, sim, recheado em sua essência. Porque hoje faz falta esse espaço, o aluno hoje pede um galpão para poder estudar, porque ele não tem onde estudar. A biblioteca é pequena, não tem área de convívio aqui”.
Projetos não finalizados
Também questionamos a Gilberto se membros da universidade realmente confessaram a Marco Antônio que o potencial da universidade não foi trabalhado como deveria nos últimos anos, como ele afirmou na entrevista. O diretor geral relembrou os planos para a construção de um Centro de Pesquisas Avançadas, projeto não finalizado, segundo ele, por falta de recursos e contunidade das gestões seguintes à João Izael.
“O que posso falar sobre isso, vou falar como o Gilberto professor. Tínhamos ambições lá atrás de trazermos aqui um Centro de Pesquisas Avançadas. Mas para se ter uma ideia, hoje recebemos do MEC (Ministério da Educação) 33% a menos de recursos do que em 2019. Em 2010, esse montante chegava a 66%. Então não conseguimos alavancar construções como as que estão sendo feitas lá fora, não conseguimos alavancar esse Centro de Pesquisas Avançadas, por falta de recursos. De 2019 para 2023 temos ⅓ a menos de recursos”.