O presidente Donald Trump anunciará, nesta segunda-feira (10), a taxação de 25% sobre as importações de aço e alumínio. O minério de ferro também poderá entrar na lista. O Brasil é um dos principais exportadores destes produtos para os EUA. O republicano, porém, não determinou a data em que o decreto entrará em vigor.
O novo passo de Trump terá forte impacto na economia nacional. O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os norte-americanos, ficando atrás apenas do Canadá. No ano passado, as indústrias brasileiras venderam 4,08 milhões de toneladas do produto para os Estados Unidos, ou 15,5% das importações. Essa comercialização representou um faturamento de US$ 332 milhões.
Em 2024, a exportação teve um aumento de 14,1%. Com isso, o Brasil ultrapassou o México e, agora, ocupa o segundo lugar no ranking dos maiores vendedores de aço para os EUA.
Em depoimento ao jornal O Globo, José Augusto de Castro- presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) – considera a tarifação de 25% altíssima e sem embasamento técnico. E mais. A medida provocará a desaceleração das exportações.
“Essa taxação surpreende porque o aço é matéria prima fundamental para a indústria americana. Quem vai pagar são os americanos. Vai elevar o custo da produção interna e aumentar a inflação”, prevê Castro
O dirigente da AEB explica ainda que o quadro atual atingiu o estágio do “cada um por si”.
“Agora, teoricamente, é cada um por si, mas os países que têm mais peso na exportação certamente terão algum diálogo. Vai precisar de diálogo e a diplomacia brasileira precisa trabalhar para buscar informações, entender quais são os objetivos dos EUA e iniciar negociações, pois qualquer decisão agora pode piorar a situação”, sugere.
Também para O Globo, Welber Barral- ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil- afirmou que há intensa expectativas sobre o anúncio das novas medidas de Trump.
“No primeiro governo Trump (2017 a 2021), houve medidas contra aço e alumínio, baseadas em defesa nacional. O Brasil teve sobretaxa no alumínio e cota no aço. Isso prejudicou as exportações brasileiras para o mercado americano. Com mais essa tarifa de 25%, vai ficar ainda mais complicado exportar para os EUA”, avalia.
Barral admite que uma taxação sobre a importação de minério de ferro é motivo de apreensão.
“Tem que ver se ele(Trump) vai incluir também o ferro, pois o Brasil exporta muito. Terça e quarta, o governo vai anunciar várias medidas. Há muita expectativa em relação aos anúncios desta semana”, adiantou.
No caso do alumínio, o impacto não será tão intenso. O Brasil é apenas o 14º exportador do produto para os Estados Unidos.