Um empresário de 46 anos, dono de pousada em Conceição do Mato Dentro, passou momentos de terror na última quarta-feira (26). Ele foi agredido covardemente por mais de três funcionários terceirizados da mineradora instalada no município, que estavam hospedados na pousada. De acordo com a vítima, as agressões foram motivadas após o grupo de trabalhadores desrespeitarem as regras de prevenção à Covid-19, previstas pelo decreto municipal.
Em conversa com a DeFato Online, o dono da pousada relatou o acontecido e informou que está em observação médica em Belo Horizonte. Tal procedimento foi orientado pelos profissionais da saúde em decorrência do resultado das agressões. O empresário foi agredido com tamboretes diversas vezes na cabeça e precisou levar mais de 20 pontos no ferimento. Além disso, a vítima passou pelo exame de tomografia, após encaminhamento médico, onde foi constatado uma pequena hemorragia na cabeça.
O fato
De acordo com o dono na pousada, há pouco mais de uma semana, cerca de 20 funcionários terceirizados da mineradora hospedaram no estabelecimento. Durante a estadia, o empresário disse que diversas vezes foi necessário advertir os hóspedes em relação aos cumprimentos das regras de prevenção ao coronavírus.
“Eu já havia chamado a atenção deles por não respeitarem as regras, de fazer as refeições no quarto por exemplo, já que uma das medidas de prevenção é não utilizar as áreas comuns da pousada. Nesse momento, eles começaram a achar ruim da minha reclamação. Além disso, eles também estavam aglomerando dentro dos quartos, outra situação que não podia. E eu chamei a atenção de novo”, disse o empresário.
Contudo, na quarta-feira, por volta das 18h, parte do grupo que estava hospedado na pousada decidiu sair para beber em frente a um supermercado da cidade. Lá eles foram flagrados pelos fiscais da empresa, responsáveis por garantir que os trabalhadores respeitem as medidas de isolamento.
“O meu filho, que trabalha para mim na recepção da pousada, foi nesse supermercado comprar pão. O pessoal que estava bebendo na porta achou que ele denunciou a postura para e empresa, algo que não aconteceu. Quando eles retornaram para a pousada, decidiram tirar satisfação com meu filho. Sabendo do ocorrido, os procurei para dizer que não admitiria esse tipo de comportamento, principalmente com meu filho”, relata a vítima.
O dono da pousada conta que ao terminar a advertência começou a ser alvo das agressões. Segundo ele, uma roda foi feita pelos funcionários para que o empresário permanecesse no centro recebendo a violência.
“A minha sorte é que chegou o rapaz do restaurante, que leva comida pra mim, e me viu no chão. Ele me tirou de lá e me levou para a policlínica. Além de me baterem, os funcionários também quebraram a janela da pousada e tamparam a placa dos carros para fugir. Elas apresentavam a localização de São Paulo. Quando fugiram, os agressões ainda me ameaçaram, dizendo que faziam parte de uma facção criminosa em São Paulo”, conta o empresário.
Atendimento
Ao ser atendido na policlínica, o dono da pousada precisou ficar mais de 10h em observação médica para identificar os hematomas. De acordo com a vítima, um boletim de ocorrência foi feito na Polícia Militar em decorrência dos fatos.
“Foi uma covardia! O médico disse que eu dei muita sorte e não sabe como fiquei vivo. Se eu tivesse continuado no chão, eles tinham me matado. Se fosse ao contrário, se eu fosse o agressor, tinha acabo com a reputação da minha pousada e com a minha também. Do mesmo jeito que eles fizeram isso comigo, eles podem continuar fazendo com outras pessoas, poderia ter sido qualquer um. Todos os donos de pousadas estão com medo agora”, desabafa a vítima.
Conforme o dono da pousada, a equipe médica disse que será necessário a sua permanência em Belo Horizonte para melhor avaliação do quadro. Apesar de não estar internado no hospital, a vítima se encontra em repouso no apartamento da filha na capital mineira. “O médico me deu o contato dele para que se eu sentisse alguma coisa ligasse para ele, além de me dar um relatório. Ele me orientou a não viajar, disse para ter atenção e ainda pediu para que, diante de qualquer coisa, fosse ao hospital”, afirma.