O imponderável responderá essa pergunta. Difícil prever o futuro. Afinal, muito sórdida, a Covid-19 parece brincar de esconde-esconde com a humanidade.
Nem o mais renomado cientista conseguiria determinar o dia em que a pandemia se transformará em endemia. Esse evento será comemorado com fogos de artifícios. E, com razão. Essa fase (endemia) colocará a Covid-19 em outro patamar. O vírus continuará eternamente em nossa companhia, porém, assumirá status de “gripezinha qualquer”. Lá na frente, não passará de “inofensivo” componente da paisagem exótica planetária. “O coisa” ficará domesticado e socializado. Sobreviverá como mero companheiro do Influenza. Desempenhará uma função bem corriqueira no dia a dia: produzirá esporádicas licenças médicas. E só. Assim seja.
Essa é uma esperança, jamais certeza absoluta. Afinal, o novo coronavírus mais parece escatológicos personagens de filmes de terror de quinta categoria. O cenário é repleto de sangue, cadáveres e todos os modelos de lúgubres cemitérios. O que preocupa, no momento, é a capacidade de transmutação do “bicho”. O tipo original (aquele que pintou na China) fez um estrago do cão. Mais de meio milhão de pessoas perderam a vida, apenas no Brasil. Mas aí, de repente, uma certa variante Delta assumiu o protagonismo da tragédia. Não matou tanto quanto o mal primário, mas gerou um festival de apreensões.
O monstro invisível continua desfilando por aí com suas múltiplas facetas. E tudo aparentava estar sob controle. Mas, não. Súbito, avançamos no alfabeto grego. Na verdade, foi um salto triplo. Alcançamos a letra O (ou ômicron no idioma de Sócrates). É assustador. A letrinha redonda pega até por correspondência. Vai ser difícil domar a mais recente cepa da tétrica fera. Hoje, o panorama é de uma luta bastante desigual entre o homem (mulher) e esse invisível boxeador. E pior. O adversário muda a cada round. É muito complicado. O persistente vírus não desistirá dessa estafante briga tão cedo. A ômicron entrou no ringue cheia de péssimas intenções. O seu objetivo era derrotar o adversário nos segundos iniciais da contenda- assim como fazia Mike Tyson. Um nocaute técnico.
A ômicron só não provocará uma mortandade sem precedentes por único motivo: a vacinação coletiva teve um avanço exponencial na maior parte do planeta. A ciência, então, venceu o primeiro assalto. Conseguiu deter a voracidade da geringonça mortal. Brecou o ímpeto do fatídico “bichinho maldito”. Mas essa vitória parcial não acaba com o desespero. E aqui, agora, repete-se a perturbadora indagação lá de cima: qual será a nova mutação da Covid-19? Ainda existe grande disponibilidade de letras no alfabeto da Grécia. E se a próxima “metamorfose ambulante” for resistente às atuais vacinas? Toc, toc, toc! Melhor bater três vezes na madeira e torcer para que minha dúvida não passe de devaneio etílico.
Pense bem. Acho que é hora de suplicar um auxílio emergencial à “pátria celestial”. Mas tem um controverso detalhe nessa pretensão: não sei se o “Todo Poderoso” toparia livrar o espécime humana dessa encrenca terrível. Talvez, Ele, propositadamente, tenha criado a Covid-19 para um fim específico, mas que não seja o fim. A pandemia, nesse caso, não passaria de reluzente cartão amarelo para os moradores da Terra. Quiçá.
PS: A ômicron contaminará uma multidão de centena de milhões de pessoas, mas será muito menos letal que a cepa original. E essa variante até poderá ser o início da endemia, ou o ponto final da pandemia. Uma boa notícia. E aqui fica uma clara mensagem para o “corajoso” que se recusou vacinar: agora você tá ferrado.
Fernando Silva é jornalista e escreve sobre política em DeFato Online.
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